Com relatos de violência extrema e abuso sexual, ofensiva em Darfur mata ao menos 481 civis

Pelo menos 481 civis foram mortos desde 10 de abril na região de Darfur, no Sudão, em meio à intensificação dos ataques das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) sobre a cidade de El Fasher e campos de deslocados internos, segundo dados confirmados pelo Escritório de Direitos Humanos da ONU. O número real, contudo, pode ser muito maior, e uma situação descrita como “horrorizante” pelo alto comissário Volker Türk.

Entre as vítimas, estão ao menos 210 civis assassinados no campo de deslocados de Zamzam, incluindo nove profissionais de saúde, entre os dias 11 e 13 de abril. Apenas no período de 20 a 24 de abril, 129 pessoas morreram em El Fasher, no distrito de Um Kedada e no campo de deslocados de Abu Shouk.

A ofensiva das RSF também tem provocado sequestros, abusos sexuais e violência extrema contra a população que tenta fugir da área. “O número crescente de vítimas civis e os inúmeros relatos de violência sexual são horrorizantes”, afirmou Türk, expressando preocupação com os ataques contra trabalhadores humanitários e equipes médicas, ações que violam o direito internacional e agravam a já precária oferta de serviços de saúde na região.

Famílias com crianças que fugiram do conflito no Sudão rumo ao Egito (Foto: Radwan Aboulmad/Unicef)

De acordo com relatos recebidos pela ONU, civis têm sido sequestrados no campo de Zamzam e mulheres, meninas e meninos foram estuprados ou sofreram estupros coletivos enquanto estavam no local ou tentavam escapar. “Ouvimos relatos de pessoas sendo sequestradas no campo de deslocados internos de Zamzam e de mulheres, meninas e meninos sendo estuprados ou vítimas de estupros coletivos lá ou enquanto tentavam escapar dos ataques”, disse o alto comissário.

A crise humanitária se agrava com a destruição de fontes de água e o colapso dos sistemas de assistência às vítimas. “Os sistemas para ajudar as vítimas em muitas áreas estão à beira do colapso, os profissionais de saúde também estão sob ameaça e até fontes de água foram atacadas deliberadamente. O sofrimento do povo sudanês é difícil de imaginar, mais difícil ainda de compreender e simplesmente impossível de aceitar”, declarou Türk.

O conflito entre as RSF e as Forças Armadas do Sudão (SAF, na sigla em inglês) já dura mais de dois anos e continua a gerar deslocamentos em massa. Centenas de milhares de pessoas, muitas delas já deslocadas anteriormente, estão agora refugiadas em localidades como Tawila e Dar es Salam, enfrentando condições extremas e sem acesso garantido à ajuda humanitária.

Na conclusão de seu pronunciamento, Türk fez um apelo para que os civis possam deixar El Fasher em segurança e cobrou o fim imediato das violações. “Os civis devem poder sair com segurança de El Fasher e das áreas vizinhas e devem ser protegidos onde quer que estejam. Conclamo ambas as partes, especialmente seus líderes, a interromper urgentemente todas as violações e abusos de direitos humanos, a respeitar o direito internacional humanitário e de direitos humanos e a pôr fim a esta guerra sem sentido”, afirmou.

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