
Nas últimas semanas, o Monte Fuji, um dos símbolos mais icônicos do Japão, foi palco de um incidente incomum que chamou a atenção de entusiastas de aventura e autoridades. Um estudante de 27 anos, natural da China, precisou ser resgatado duas vezes em menos de cinco dias enquanto tentava escalar a montanha fora da temporada oficial. O caso reforça os alertas sobre os riscos de explorar trilhas fechadas e as mudanças climáticas que afetam a região.
A primeira ocorrência aconteceu no dia 22 de abril, quando o jovem começou a passar mal durante a subida pela trilha Fujinomiya, localizada a 3.000 metros de altitude. Sem os crampons — equipamentos essenciais com pontas de metal presas às botas para garantir aderência em superfícies geladas —, ele não conseguiu descer sozinho.
Um helicóptero foi acionado para resgatá-lo. Porém, em vez de abandonar a aventura, o estudante retornou ao local dias depois para recuperar seu celular e outros pertences deixados durante o primeiro resgate. No sábado, 26 de abril, ele novamente apresentou sintomas de mal-estar, possivelmente relacionados à doença da altitude, e foi encontrado por outro montanhista em uma área isolada. Desta vez, as equipes de emergência o levaram de volta à base para receber atendimento médico.
O Monte Fuji atrai mais de 200 mil visitantes por ano, mas a temporada oficial de escalada se restringe aos meses de julho a setembro. Fora desse período, as trilhas são oficialmente fechadas, as placas de sinalização são removidas e as condições climáticas se tornam imprevisíveis. Ventos fortes, temperaturas extremas e a ausência de neve em certas áreas aumentam os riscos de acidentes. Apesar disso, alguns aventureiros ignoram as recomendações e desafiam as restrições, sobrecarregando os serviços de resgate.
Em outubro de 2023, o Monte Fuji também ganhou destaque por um motivo preocupante: a ausência de neve em seu cume. Normalmente, a primeira camada de neve aparece por volta do início de outubro, mas no ano passado, até o final do mês, o pico permaneceu sem a cobertura branca característica. Especialistas associam o fenômeno ao aquecimento global, que altera padrões climáticos em todo o planeta. A redução da neve não só afeta a paisagem, mas também interfere na segurança das trilhas, já que o gelo e a neve compactada ajudam a estabilizar certos trechos durante a temporada de escalada.
As autoridades de Shizuoka, província onde parte da montanha está localizada, reforçaram o apelo para que os visitantes evitem aventuras fora do período autorizado. Além dos perigos climáticos, a falta de estrutura adequada — como abrigos fechados e equipes de apoio reduzidas — dificulta operações de resgate. Em 2023, por exemplo, um levantamento mostrou que mais de 60% dos incidentes registrados no Monte Fuji ocorreram fora da temporada oficial, envolvendo desde hipotermia até quedas graves.
A combinação entre o aumento do turismo de aventura e os efeitos das mudanças climáticas coloca novos desafios para a preservação do Monte Fuji, considerado Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2013. Enquanto isso, casos como o do estudante chinês ilustram como decisões individuais podem ter consequências complexas, exigindo não apenas respostas rápidas das autoridades, mas também maior conscientização sobre os limites entre a aventura e a imprudência.
Dados da Agência Meteorológica do Japão indicam que, nos últimos 50 anos, a temperatura média na região do Monte Fuji subiu 1,5°C, acelerando o degelo e modificando ecossistemas locais. Para muitos, a montanha sagrada segue como um termômetro ambiental, revelando de forma visível os impactos de um planeta em transformação.
Esse Alpinista precisa ser resgatado do Monte Fuji duas vezes em uma semana após cometer erro ridículo foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.