
Mesa afirma que deputado ‘excedeu o direito à liberdade de expressão’. Conselho de Ética terá de analisar pedido em até três dias úteis. O deputado Gilvan da Federal
Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
A Mesa Diretora da Câmara pediu na noite de quarta-feira (30) a suspensão cautelar do mandato do deputado Gilvan da Federal (PL-ES) por supostas ofensas à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
O pedido da direção da Casa terá de ser analisado pelo Conselho de Ética em até três dias úteis. Caso o órgão não se manifeste, a decisão caberá ao plenário principal da Câmara.
A Mesa Diretora defende que o parlamentar tenha o mandato suspenso, de forma cautelar, por seis meses.
E que o Conselho de Ética abra um processo para apurar a conduta do parlamentar, que, segundo a Mesa, se enquadram nas hipóteses puníveis com a cassação do mandato.
A representação da Mesa foi protocolada após manifestação da Corregedoria Parlamentar da Casa. O órgão, de ofício, comunicou à direção da Câmara que menções feitas por Gilvan da Federal à Gleisi não se “amoldariam ao padrão de comportamento esperado de representantes do povo”.
Em uma audiência da Comissão de Segurança Pública, no último dia 29, Gilvan fez referência a uma lista de apelidos para registrar repasses irregulares da Odebrecht a políticos.
Ele cita os nomes “Lindinho”, dado ao líder do PT na Câmara e companheiro de Gleisi, Lindbergh Farias (RJ), e “Amante”, que, segundo as investigações, era usado para se referir à atual ministra de Lula. Gilvan segue e diz que a pessoa apelidada de “Amante” deveria ser “uma prostituta do caramba”.
Assinado pelo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), e por mais quatro membros da direção, o documento enviado ao Conselho de Ética afirma que Gilvan da Federal cometeu “flagrante abuso de suas prerrogativas constitucionais” e que “fez insinuações abertamente ultrajantes, desonrosas e depreciativas” à Gleisi.
“As falas excederam o direito constitucional à liberdade de expressão, caracterizando abuso das prerrogativas parlamentares, além de, repise-se, ofenderem a dignidade da Câmara dos Deputados, de seus membros e de outras autoridades públicas”, diz.
O caso
Em uma reunião da Comissão de Segurança Pública da Câmara na última terça-feira (29), o deputado fez uma fala durante a audiência com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
“Na Odebrecht tinha uma planilha de pagamento de propinas para políticos, eu citei aqui o nome de “lindinho”, de “amante”, que deveria ser uma prosititua do caramba e teve um deputado aqui que se revoltou, ou seja, a carapuça serviu”.
“Amante” era o apelido da ministra Gleisi na planilha. Na representação, a Mesa argumenta que o discurso é um abuso das prerrogativas parlamentares e “configura comportamento incompatível com a dignidade do mandato”.
‘Quero que Lula Morra’
Gilvan se envolveu em outra polêmica recentemente na Câmara.
Relator de um projeto que pretende desarmar a segurança pessoal de Lula, odeputado Gilvan da Federal disse que queria que o presidente morresse.
Com a repercussão e a investida da Advocacia Geral da União (AGU), ele precisou pedir desculpas.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/04/28/com-baixa-produtividade-no-plenario-deputados-apostam-em-polarizacao-de-olho-em-2026.ghtml