
Dossiê que embasa esse processo está em produção pelo Centro de Estudos da Cultura Popular (CECP), em uma parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Festa do Divino de Mogi das Cruzes é tradição de mais de quatro séculos
Larissa Rodrigues/g1
🕊 Com mais de quatro séculos de história, a Festa do Divino de Mogi das Cruzes caminha para o reconhecimento como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
O dossiê que embasa esse processo está em produção pelo Centro de Estudos da Cultura Popular (CECP), organização que desde 2015 mantém parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para realizar estudos etnográficos e historiográficos sobre manifestações culturais brasileiras.
“A Festa do Divino é uma festa múltipla, com muitas práticas associadas, muitos símbolos. É devocional ao culto do Divino Espírito Santo, um dos mais antigos aqui no Brasil, que chega junto com os portugueses”, explica Fábio Martins Bueno, coordenador da parceria entre CECP e Iphan.
Segundo ele, o trabalho que fundamenta o pedido de registro segue um rigoroso roteiro técnico e analítico que envolve historiadores, antropólogos, geógrafos e profissionais de fotografia e audiovisual.
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A equipe já identificou os grupos que participam da festa, conduziu as primeiras etapas da pesquisa histórica e está em fase de finalização dos roteiros de filmagem e do trabalho de campo etnográfico. “Agora estamos afunilando o roteiro de audiovisual e de campo. As pesquisas históricas já estão caminhando, e a parte etnográfica, a identificação dos grupos, também já foi feita”, detalha Bueno.
Tradicional na cidade, a Festa do Divino de Mogi das Cruzes tem relevância também no cenário nacional, já que é considerada a maior e mais antiga do Brasil.
“Ela é expressiva na sociedade brasileira. Tem um valor histórico muito grande, e tem valor também no tempo presente, para um conjunto diverso de pessoas, de vários grupos, segmentos, classes sociais que se interessam e interagem em torno da festa”, diz o pesquisador.
O dossiê, quando finalizado, será levado ao Iphan e deverá apresentar três produtos principais: texto, vídeo e fotografias. Os materiais seguem um termo de referência definido pelo próprio instituto e precisam evidenciar os aspectos socioculturais da festa, sua permanência no tempo e o significado atribuído pelos praticantes.
Se aprovado, o registro da Festa do Divino de Mogi das Cruzes como Patrimônio Imaterial Nacional será um reconhecimento oficial à importância histórica, simbólica e social de uma das mais ricas expressões da cultura brasileira.
Para Marcelo Braz, que é presidente da Associação Pró-Festa do Divino, o reconhecimento é fundamental para garantir a continuidade do evento pelos próximos anos, é uma maneira de manter a história viva.
“Eu vejo que a importância do reconhecimento pelo Iphan é de suma importância, até pelo fato de expandir o conhecimento da festa em âmbito nacional. Mas [é importante] principalmente, pelo compromisso das partes envolvidas, todas elas, seja a prefeitura, seja a mitra, seja a associação, de um compromisso formal, que é uma das condições do reconhecimento, de manutenção da tradição. Esse eu acho que é o grande legado que esse reconhecimento vai fazer, né? O compromisso das partes envolvidas de manter, de perpetuar essa festividade”, afirma.
Festa do Divino 2025
A Festa do Divino Espírito Santo de Mogi das Cruzes de 2025 acontece de 29 de maio a 8 de junho, comemorando 412 anos de fé e devoção da festividade religiosa e folclórica.
O tema deste ano é “Divino Espírito Santo e São Francisco, nosso irmão! Ensinai-nos a contemplar o esplendor da criação”.
O evento é comandado pelo festeiro João Pedro Mota e pelos capitães-de-mastro Lizandro Leonardo da Silva Corrêa e Patrícia Aparecida do Espírito Santo Corrêa.
g1: Primeiro subimpério da Festa do Divino 2025 será aberto em Mogi
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