O mundo deve ganhar um novo país nos próximos anos. Isso vai acontecer porque uma pequena ilha no oceano Pacífico está caminhando para se tornar uma nação independente. Trata-se de Bougainville.
Atualmente, a ilha faz parte de Papua Nova Guiné, na Oceania. Contudo, o território ao norte da Austrália pode conseguir sua independência até 2027. Afinal, a população de Bougainville não se identifica com a Papua Nova Guiné, tanto socialmente quanto culturalmente.
Então, a ilha se declara independente. Tudo isso começou há muitos anos, mas a declaração de independência de Bougainville não foi aceita pela Papua Nova Guiné. Assim, em 1976, a resolução desse impasse foi a criação do território Autônomo de Bougainville.
Dessa forma, a ilha faz parte de Papua Nova Guiné, mas tem alguma autonomia para se autogovernar. Agora, porém, a ilha caminha para tornar-se, de fato, independente. O processo deve ter conclusão até 2027.
O Território Autônomo de Bougainville é formado por duas ilhas principais: Bougainville, onde vive a maior parte da população e que ocupa a maior área. A outra ilha é Buka, que abriga a capital, também chamada Buka. A região tem cerca de 300 mil moradores.
Qual a história da ilha de Bougainville?
O território foi explorado por europeus entre os séculos 17 e 18. Além disso, a ilha recebeu o nome de Louis Antoine de Bougainville, um marinheiro francês que navegou por lá em 1768.
Depois disso, em 1886, a Alemanha invadiu Bougainville. O projeto imperial dos alemães consistia não apenas na colonização da ilha como também de outras áreas no Pacífico.
A Alemanha, contudo, não tinha histórico de país colonizador e o projeto falhou. Assim, após a Primeira Guerra, os alemães perderam Bougainville para a Austrália. A ilha chegou a ser invadida pelo Japão na Segunda Guerra, mas voltou a ser dominada pelos australianos.
Já em 1975, Papua Nova Guiné tornou-se independente da Austrália e Bougainville passou a ser parte do território papuásio.
Por que Bougainville vai se tornar independente em 2027?
Mesmo com autonomia, o desejo de independência sempre esteve presente entre os habitantes. Embora compartilhem raízes étnicas com os papuanos, os nativos de Bougainville têm mais semelhanças culturais e linguísticas com os povos das Ilhas Salomão, um país vizinho formado por várias ilhas.
Além disso, muitos moradores acusavam o governo da Papua-Nova Guiné de explorar os recursos da região, principalmente por meio da mineração, sem dividir os ganhos com a população local.
Com o tempo, surgiram grupos armados que defendiam a separação. Em 1989, o conflito virou uma guerra civil entre o governo central e as forças que lutavam pela independência. A paz só foi alcançada em 2000, com ajuda de países como Nova Zelândia e Austrália. Apesar do acordo, o sonho de se tornar um país independente permaneceu vivo.
Plebiscito indicou vontade do povo
Anos depois, em 2019, foi realizado um plebiscito em Bougainville. O resultado foi claro: 98% dos votantes escolheram a independência. Embora o governo da Papua-Nova Guiné não tenha aceitado o resultado de imediato, Bougainville anunciou que pretendia se separar oficialmente entre 2025 e 2027.
Mais recentemente, em março de 2025, o governo local reafirmou sua decisão. A data escolhida para a independência é 1º de setembro de 2027. Um esboço da nova Constituição já está pronto.
Desde o plebiscito, o governo da Papua-Nova Guiné vem negociando com as autoridades de Bougainville. Tudo indica que há uma aceitação, mesmo que inicial, da independência. No entanto, o Parlamento do país ainda precisa votar para tornar a decisão oficial.
A economia também tem um papel importante nesse processo. Apesar de Bougainville ter uma população pequena, a ilha abriga a mina de Panguna, que possui uma das maiores reservas de cobre do mundo, além de conter ouro. Antes de ser fechada, essa mina representava cerca de 12% do PIB da Papua-Nova Guiné. Por isso, o governo relutava em abrir mão da região.
A mina foi desativada em 1989, durante a guerra civil e por causa dos danos ambientais. Mesmo assim, Bougainville planeja reabrir a mineração depois que se tornar um país independente.
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