
Relatório da Polícia Federal analisou celulares de desembargadores do TJMS investigados por venda de decisões judiciais. Celulares de desembargadores foram analisados em investigação da PF.
g1 MS
Os telefones celulares dos investigados, apreendidos durante a operação Ultima Ratio, em novembro do ano passado, foram fundamentais para a Polícia Federal (PF) comprovar a prática do esquema de venda de sentenças pelos desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). As informações constam em um relatório da própria PF, ao qual o g1 e a TV Globo tiveram acesso.
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O documento traz a análise da perícia realizada nos aparelhos. Um dos celulares pertence ao desembargador Alexandre Bastos.
A PF identificou por meio da análise de mensagens trocadas pelo magistrado com assessores e familiares e de comprovantes bancários, que Bastos fez uso de “grande volume de dinheiro em espécie para pagamento de despesas pessoais. Em uma das situações, o dinheiro foi usado para aquisição de carro de luxo.
Segundo os investigadores, entre os anos de 2022 e 2024, o desembargador transacionou, pelo menos, R$ 276 mil em dinheiro vivo. Do total, no mínimo R$ 219 mil não tem origem conhecida.
A PF afirma no documento que os elementos colhidos no aparelho demonstram que o montante se trata de dinheiro ilícito, provavelmente, pela venda de decisões judiciais.
O g1 entrou em contato com a defesa de Alexandre Bastos e não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
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Ultima Ratio
A operação foi deflagrada pela Polícia Federal, por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em outubro de 2024. Dois dias depois, o processo subiu para o STF, sob responsabilidade do ministro Cristiano Zanin. Desembargadores foram afastados em razão de uma investigação que apura corrupção e venda de sentenças.
Durante a operação, foram apreendidas diversas armas na casa de dois desembargadores. Além disso, foram encontrados mais de R$ 3 milhões em espécie. Somente na casa de um dos investigados, foram encontrados R$ 2,7 milhões. Segundo as investigações, entre os crimes cometidos pelo grupo estão:
lavagem de dinheiro;
extorsão;
falsificação.
A operação, fruto de três anos de investigação da Polícia Federal, foi batizada de “Ultima Ratio”, um princípio do Direito segundo o qual a Justiça é o último recurso do Poder Público para parar a criminalidade.
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