O serviço de inteligência militar da Rússia, conhecido como GRU, intensificou a coleta de informações sobre críticos do Kremlin na Europa, segundo o Dossier Center, uma unidade investigativa financiada pelo opositor exilado Mikhail Khodorkovsky. Em uma publicação no Telegram, o grupo afirmou que agentes russos foram instruídos no início de 2025 a reunir dados pessoais de “líderes de opinião na Europa que discordam do governo russo”, conforme relatou a revista Newsweek.
Entre os alvos estão políticos, jornalistas, blogueiros e figuras culturais de destaque, cujos dados de financiamento e endereços residenciais e profissionais estão sendo mapeados. O objetivo seria preparar “ações hostis” baseadas nessas informações, utilizando agentes e recrutamento pontual de criminosos ou membros de grupos de extrema direita.
“O GRU está atribuindo uma tarefa bastante urgente aos seus agentes: coletar e fornecer dados sobre líderes de opinião na Europa que discordam do governo russo. É provável que ‘ações ativas’ estejam sendo planejadas contra eles”, disse o Dossier Center na publicação.

A revelação ocorre em meio a um aumento das ações de sabotagem e subversão promovidas pela Rússia no Ocidente. Segundo relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), divulgado em março de 2025, triplicaram os ataques russos entre 2023 e 2024, em uma escalada para a qual os países ocidentais ainda não encontraram uma resposta eficaz.
O Dossier Center citou também tentativas recentes de ataques em solo europeu atribuídas a Moscou, como incêndios suspeitos em um shopping na Polônia e em uma loja da Ikea em Vilnius, na Lituânia. Entre as operações coordenadas pelo GRU, destaca-se um incêndio provocado na área de cargas da DHL no aeroporto de Leipzig, em julho de 2024, com incidentes similares registrados em Varsóvia e no Reino Unido.
Denis Smolyaninov foi apontado pelo Dossier Center como um dos oficiais do GRU à frente dessas ações. A imprensa britânica destacou seu envolvimento em uma trama para envio de pacotes-bomba através de fronteiras, e investigações também associam agentes russos a um plano para assassinar Armin Papperger, chefe do conglomerado alemão Rheinmetall.
Em paralelo, o relatório do CSIS advertiu que a Rússia “está envolvida em uma agressiva campanha de subversão e sabotagem contra alvos europeus e dos Estados Unidos, o que complementa a brutal guerra convencional da Rússia na Ucrânia.”
As preocupações se intensificam após alertas feitos em setembro de 2024 pelos chefes do MI6 britânico, Richard Moore, e da CIA, Bill Burns, que acusaram Moscou de realizar uma campanha de sabotagem “incrivelmente imprudente” contra os aliados ocidentais da Ucrânia.
Segundo Moore, agentes trabalham para conter ataques clandestinos a infraestruturas, dissimulação de informações, atos de sabotagem e incêndios criminosos, ameaças que podem crescer nos próximos meses.
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