
A rede elétrica envelhecida da Europa e a falta de capacidade de armazenamento de energia devem exigir trilhões de dólares em investimentos para lidar com a crescente demanda por eletricidade e para evitar novos apagões, segundo a agência de notícias Reuters.
Na última segunda-feira (28), Espanha e Portugal ficaram sem energia elétrica em seu pior apagão das suas histórias, com uma interrupção de grandes proporções no seu abastecimento elétrico. Milhões de pessoas ficaram sem luz, trens e metrôs pararam de funcionar, semáforos ficaram desligados, e serviços de internet e de telefonia foram interrompidos.
As autoridades estão investigando a causa, mas, independentemente das conclusões, analistas ouvidos pela agência e representantes da indústria afirmam que o investimento em infraestrutura é essencial.
Aumento no consumo de energia

A rede elétrica da União Europeia (UE) remonta, em grande parte, ao século passado e metade das linhas tem mais de 40 anos. O aumento da produção de energia de baixo carbono e a crescente demanda por data centers e veículos elétricos exigem uma reformulação das redes, que também precisam de proteção digital para resistir a ataques cibernéticos, explica a Reuters.
Embora o investimento global em energias renováveis tenha quase dobrado desde 2010, o investimento em redes praticamente não mudou, ficando em torno de US$ 300 bilhões (R$ 1,6 tri) por ano. O valor precisa dobrar até 2030, ultrapassando US$ 600 bilhões (R$ 3,4 tri), para cobrir as reformas necessárias, de acordo com a Agência Internacional de Energia.
Os motivos do último apagão ainda não estão claros, porém, a operadora da rede elétrica espanhola disse que dois incidentes separados desencadearam a enorme perda de energia. Isso ocorre após uma aceleração no uso de energia renovável, especialmente na Espanha, após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 e a consequente interrupção do fornecimento de petróleo e gás, concentrando os esforços da UE na redução da dependência de combustíveis fósseis.
Energias renováveis
A participação das energias renováveis na matriz energética da União Europeia subiu de 34% em 2019 para 47% em 2024, enquanto os combustíveis fósseis caíram de 39% para 29%, segundo o think tank Ember.
Na Espanha, onde há planos para abandonar o carvão e a energia nuclear, as renováveis já respondem por um recorde de 56% da matriz energética. Projetos eólicos e solares são mais rápidos de construir do que as redes elétricas, que podem levar mais de uma década. O desafio está nos altos custos e na complexidade de expandir a rede por longas distâncias.
A Comissão Europeia estimou que a Europa precisa investir entre US$ 2,0 e 2,3 trilhões (R$ 11 tri) em redes até 2050.