O principal comandante militar dos EUA no Indo-Pacífico, almirante Samuel Paparo, afirmou que, se um conflito com a China por Taiwan estourasse neste momento, as forças americanas sairiam vitoriosas. Mas ele também alertou que o avanço acelerado do poderio militar chinês torna esse cenário cada vez mais desafiador para Washington, de acordo com o jornal Financial Times.
“As forças dos Estados Unidos venceriam o conflito como ele se apresenta agora, com o poder de combate que temos neste momento”, declarou Paparo durante o Sedona Forum, promovido pelo Instituto McCain, no Arizona, na última sexta-feira (3).
Completando um ano no comando das Forças Armadas dos EUA na região Indo-Pacífico, ele apontou que seu país ainda mantém superioridade em áreas como capacidades submarinas, armas espaciais e sistemas de negação espacial. No entanto, segundo o almirante, a vantagem americana pode não durar muito, com a China produzindo equipamentos de guerra em um ritmo muito superior ao norte-americano.

“Nossa trajetória em praticamente todos os elementos de força relevantes é uma trajetória ruim”, disse Paparo. Como exemplo, ele apontou que Beijing constrói dois submarinos por ano para cada 1,4 produzido pelos EUA, além de fabricar seis navios de guerra de combate anualmente, contra apenas 1,8 das forças americanas.
Paparo também destacou que a atividade militar da China em torno de Taiwan tem se intensificado desde que ele assumiu o comando. Segundo o almirante, o Exército de Libertação Popular (ELP) está ensaiando toda a gama de operações militares possíveis contra a ilha, incluindo o bloqueio marítimo, ataques diretos ou até mesmo a tomada de pequenas ilhas controladas por Taiwan. “Você ouve a metáfora de ‘ferver o sapo’. Está em ebulição rápida”, afirmou.
A movimentação militar chinesa não se restringe ao entorno de Taiwan. Em fevereiro, navios de guerra chineses realizaram exercícios com fogo real no sudeste da Austrália e depois completaram a primeira circunavegação do país. “Eles estão se esticando. Estão se tornando uma força global, pouco a pouco”, disse o almirante.
Ao ser questionado sobre conselhos que recebeu ao assumir o comando, Paparo relatou que seu antecessor, o almirante aposentado John Aquilino, foi direto: “Ele disse… isso pode acontecer durante o seu mandato”.
Paparo também comentou sobre os objetivos militares traçados pelo presidente chinês, Xi Jinping, para que o ELP esteja apto a invadir Taiwan até 2027. “Essa não é uma data de ataque. É uma data para estar pronto”, explicou.
Entre os avanços já alcançados pela China, Paparo citou melhorias nas forças de foguetes e no sistema de satélites usados para reconhecimento e vigilância. Segundo ele, qualquer decisão de ação militar dependerá de múltiplos fatores, incluindo o grau de preparo da China, sua avaliação sobre a capacidade de defesa de Taiwan e a possibilidade de apoio de aliados internacionais à ilha.
Ao ser perguntado se o povo americano apoiaria uma guerra por Taiwan, respondeu: “Uma lição da história é que as pessoas sempre dizem que os Estados Unidos não vão entrar numa briga. Mas esse não é o histórico”.
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