É comum que muitas pessoas aproveitem o banho para liberar a urina. A praticidade parece óbvia: evita sair molhado, interromper o relaxamento ou desperdiçar água com descargas extras. No Brasil, inclusive, uma campanha da SOS Mata Atlântica chegou a incentivar o hábito como forma de preservar recursos hídricos. O argumento era simples: ao evitar uma descarga por dia, cada pessoa economizaria mais de 4 mil litros de água anualmente. A ideia viralizou, mas a própria organização esclareceu que a proposta era lúdica, uma maneira criativa de chamar atenção para a sustentabilidade, sem recomendação formal.
Porém, o que parecia inofensivo — ou até ecologicamente correto — esconde riscos pouco discutidos. A uroginecologista Teresa Irwin alertou em um vídeo no TikTok sobre os efeitos negativos dessa prática. Segundo a especialista, urinar regularmente sob o chuveiro pode condicionar o cérebro a associar o som da água corrente à necessidade de esvaziar a bexiga. O fenômeno lembra o experimento clássico de Pavlov, em que cães salivavam ao ouvir um sino associado à alimentação. No caso humano, o simples barulho de uma torneira aberta, ao lavar louça ou as mãos, poderia desencadear vontade de urinar, mesmo que a bexiga não esteja cheia.
Esse condicionamento pode ter consequências a longo prazo. Clínicas especializadas, como a Orchard Clinic, reforçam que o hábito contribui para a perda de controle da bexiga. Quando o corpo passa a responder a estímulos sonoros em vez de sinais fisiológicos, aumenta o risco de incontinência urinária. Além disso, a posição em pé durante o banho prejudica o assoalho pélvico, conjunto de músculos que sustenta órgãos como a bexiga e o útero. Urinar sentado permite que esses músculos relaxem completamente, facilitando o esvaziamento adequado. Em pé, a tensão muscular é menor, o que, com o tempo, pode enfraquecer a região e dificultar o controle das urgências urinárias.
Para evitar problemas, especialistas sugerem duas mudanças simples. A primeira é priorizar a posição sentada ao usar o banheiro, mesmo que demande um pouco mais de tempo. A segunda é incorporar exercícios de Kegel à rotina, que fortalecem o assoalho pélvico. Esses exercícios envolvem contrair e relaxar os músculos da região pélvica repetidamente, algo que pode ser feito discretamente em qualquer lugar.
A discussão sobre o xixi no banho revela um conflito entre benefícios ambientais e saúde pessoal. Enquanto a economia de água é um objetivo válido, é essencial ponderar os hábitos cotidianos. Estratégias como reduzir o tempo no chuveiro, optar por descargas ecológicas ou captar água da chuva para reúso podem ser alternativas mais equilibradas. No fim, a escolha individual deve considerar tanto o impacto no planeta quanto o cuidado com o próprio corpo — dois pilares que, com informação adequada, não precisam ser incompatíveis.
Esse Médico revela o motivo assustador pelo qual você nunca deve fazer xixi no chuveiro foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.
