Corte de doações internacionais agrava situação humanitária na RD Congo

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O aumento da violência armada no leste da República Democrática do Congo continua deslocando comunidades a um ritmo sem precedentes.

De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), a redução dos recursos e os recentes cortes de financiamento estão interrompendo severamente a entrega de ajuda vital.

Famílias dilaceradas e civis expostos a violações extremas

Desde janeiro, quase 150 mil pessoas fugiram do país, superando o número total registrado durante 2024. Cerca de 95% dos deslocados foram para o Burundi ou Uganda. Outros oito mil se dirigiram para a República do Congo.

O Acnur está pedindo US$ 781 milhões para continuar fornecendo apoio urgente a mais de um milhão de refugiados e requerentes de asilo congoleses em nações vizinhas. O valor também servirá para apoiar mais de um milhão de pessoas em comunidades locais.

O deslocamento dentro da RD Congo atingiu níveis sem precedentes. Até o final do ano passado, 7,8 milhões de pessoas estavam deslocadas internamente, o número mais alto já registrado.

A agência ressalta que o custo humano da crise é arrasador, deixando “comunidades inteiras deslocadas, famílias dilaceradas e civis expostos a violações extremas dos direitos humanos”, incluindo abuso sexual, execuções sumárias e recrutamento forçado.

Mulheres, crianças e pessoas com deficiência são especialmente vulneráveis, com muitas chegando traumatizadas e precisando de proteção e cuidados urgentes.

Escolhas impossíveis

A diretora regional do Acnur para a África Austral e coordenadora regional para a situação dos refugiados na RD Congo pediu mais ação da comunidade internacional.

Chansa Kapaya afirmou que os esforços dos governos anfitriões e de todas as organizações humanitárias para fornecer proteção e assistência precisam de apoio urgente.

Sem aumento de financiamento, os parceiros da linha de frente terão que escolher entre fechar serviços de saúde, cortar assistência alimentar ou deixar sobreviventes de violência sexual sem apoio.

Kapaya adicionou que quando os refugiados não conseguem acessar a assistência e a proteção de que precisam em países vizinhos, muitas vezes são “obrigados a continuar sua perigosa jornada em busca de dignidade e esperança em outro lugar”.

Financiamento criticamente baixo

A mais recente versão do Plano Regional de Resposta a Refugiados (PRR) para a RD Congo, destaca a deterioração alarmante das condições no leste do país.

O recurso destinado a esta iniciativa abrange Angola, Burundi, República do Congo, Ruanda, Uganda, Tanzânia e Zâmbia.

O plano trata de prioridades imediatas, incluindo abrigo de emergência, alimentação, assistência médica e serviços de proteção, além de inclusão social, resiliência e soluções de longo prazo.

O PRR complementa o Plano de Resposta Humanitária para a RD Congo, lançado em fevereiro de 2025.

Apesar das necessidades crescentes, o financiamento para a nação africana permanece criticamente baixo. Em 2024, o Acnur e seus parceiros receberam menos da metade dos fundos necessários.

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