União Europeia descarta retomar a compra de energia russa mesmo após a guerra

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, descartou de forma categórica qualquer possibilidade de a União Europeia (UE) voltar a importar combustíveis fósseis da Rússia após o fim da guerra da Ucrânia. Segundo ela, reabrir esse mercado seria um “erro de dimensões históricas” e colocaria em risco a segurança e a soberania energética do bloco. As informações são da rede Euronews.

“Para deixar muito claro: a era dos combustíveis fósseis russos na Europa está chegando ao fim”, afirmou von der Leyen na quarta-feira (7), durante discurso no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. A declaração foi uma resposta direta a especulações levantadas por recentes esforços diplomáticos dos EUA para promover um acordo de paz com a Rússia, que podem incluir concessões relacionadas à energia.

Os comentários da líder europeia vêm em meio à tentativa de Donald Trump de mediar um cessar-fogo entre Moscou e Kiev. O ex-presidente dos EUA tem sinalizado que a retomada da importação de energia russa poderia ser parte da solução, uma proposta que agrada ao Kremlin, dado o peso das exportações energéticas no orçamento da Rússia.

Estatal russa Gazprom (Foto: Gazprom/Reprodução Twitter)

Von der Leyen, no entanto, traçou uma linha vermelha. “Alguns ainda dizem que deveríamos reabrir a torneira do gás e do petróleo russos. Isso seria um erro de dimensões históricas. E nunca deixaremos que isso aconteça”. E completou: “A Rússia já provou, repetidamente, que não é um fornecedor confiável. Putin já cortou o fornecimento de gás para a Europa em 2006, 2009, 2014, 2021 e ao longo da guerra. Quantas vezes mais até aprenderem a lição?”.

Apesar das sanções, em 2023 os 27 países da UE ainda gastaram 23 bilhões de euros (R$ 149 bilhões) com energia russa, valor superior à ajuda militar enviada à Ucrânia. Um dos principais pontos de atrito são as importações de gás natural liquefeito (GNL), que aumentaram 9% em 2024, segundo o Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA). França, Espanha e Bélgica foram os principais destinos dessas cargas.

Para fechar essas brechas, a Comissão Europeia apresentou um novo plano com o objetivo de eliminar completamente a compra de energia russa — incluindo gás, petróleo por oleoduto e materiais nucleares — até 2027. O plano prevê proibição direta de importações, o que permitirá às empresas europeias invocar força maior e romper contratos de longo prazo com fornecedores russos.

Ao encerrar seu discurso, von der Leyen reforçou a importância de manter a pressão contra Moscou: “Devemos fazer o máximo para fortalecer a posição da Ucrânia. Porque todos vimos como a Rússia negocia. Eles bombardeiam. Eles intimidam. Eles enterram promessas sob os escombros”, afirmou. “Putin quer forçar a Ucrânia a aceitar o inaceitável. A tarefa que enfrentamos é ajudar a Ucrânia a resistir, enfrentar a intimidação de Putin e participar de negociações de paz com base em suas próprias condições”.

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