Muitas plantas desenvolveram formas impressionantes de se defender contra ameaças externas, como insetos herbívoros e parasitas.
Entre essas defesas, há os laticíferos, que são células produtoras de um líquido leitoso que coagula quando exposto ao ar, o látex, encontrado principalmente na seringueira, uma importante fonte para produção de borracha natural!
Mediante a uma lesão, ocorre a liberação desse látex como modo de repelir ou aprisionar insetos.
Outra defesa muito eficaz que funciona da mesma forma é a resina: uma substância pegajosa produzida por coníferas, usada para bloquear e afastar os predadores.
A resina não apenas protege a planta, mas também pode capturar pequenos organismos, criando uma cápsula do tempo que preserva esses seres por milhões de anos, formando o que conhecemos como âmbar.
O que é resina e como ela funciona?
A resina é um composto produzido por plantas, principalmente árvores como araucárias, pinheiros e outras coníferas, com função de defesa natural.

Quando uma planta é danificada, seja por um animal que tente se alimentar dela ou por fatores ambientais, a resina é liberada para proteger e vedar o local da lesão.
Ela age como uma barreira química, pois contém substâncias tóxicas que podem prejudicar ou matar insetos e outros organismos que se aproximem.
Além de ser tóxica, a resina tem outra função interessante: ela é pegajosa! Quando o inseto entra em contato com essa substância, suas peças bucais podem ficar grudadas ou até mesmo o inseto todo pode ficar preso.
A resina, então, endurece rapidamente, selando o intruso e evitando que ele cause mais danos à planta.
Essa característica pegajosa da resina não é apenas eficiente para a defesa imediata da planta, mas também cria condições ideais para a preservação desses pequenos organismos por milhões de anos, o que leva à formação de fósseis em âmbar.
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Como a resina se transforma em âmbar?
A formação de âmbar é um processo natural que ocorre ao longo de milhões de anos. Após a resina ser liberada pela planta, ela passa por um processo de endurecimento, chamado polimerização, no qual as moléculas da resina se ligam, tornando-a mais sólida e resistente.
A resina, que é inicialmente mole e pegajosa, se torna dura como uma rocha. Esse processo é lento e depende de vários fatores, como o ambiente ao redor da planta e o tempo.
Se a resina, enquanto endurece, captura um inseto, uma folha, ou qualquer outro material, esse organismo pode ser preservado quase perfeitamente dentro dela.
Com o passar dos anos, a resina enterrada em camadas de sedimentos se transforma em âmbar, uma substância duradoura que mantém a forma e os detalhes dos seres presos em seu interior.
Alguns fósseis em âmbar são tão bem preservados que é possível ver os insetos em grande detalhe, como se tivessem acabado de ser capturados.
Âmbar: uma janela para o passado
Os fósseis formados dentro do âmbar são especialmente valiosos para os cientistas, pois preservam detalhes que normalmente não sobreviveriam ao processo de fossilização de outros materiais, como o de ossos.
Em muitos casos, até mesmo os tecidos moles dos organismos, como pele, penas e órgãos internos, são preservados no âmbar. Isso permite aos pesquisadores estudar organismos extintos em um nível de detalhe surpreendente.
Além de insetos, o âmbar também pode conter outros materiais, como folhas, flores, e até mesmo pequenas bolhas de ar que ficaram presas durante o processo de fossilização. Essas amostras fornecem pistas valiosas sobre o ambiente em que as plantas viviam, incluindo o clima, a flora e fauna da época.
Em um estudo recente de 2024, Lars Vilhelmsen e colaboradores, exploraram exemplares de vespas preservadas no âmbar do Eoceno que ofereceram pontos de referência para compreender melhor o desenvolvimento dos Tenthredinoidea, um grupo de insetos herbívoros.
Essas análises ajudaram a mapear a diversidade e as relações evolutivas desse grupo ao longo do tempo, destacando o âmbar como um recurso essencial para reconstruir ecossistemas e entender a biodiversidade pré-histórica.
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