
Sob aclamação geral, artista lança em único show no Rio de Janeiro o álbum em que aborda o repertório amargurado de Dalva de Oliveira. Alaíde Costa é saudada como coro de ‘maravilhosa’ ao lançar, em show no Teatro Rival Petrobras, o álbum ‘Uma estrela para Dalva’
Marcelo Castello Branco / Divulgação Teatro Rival Petrobras
♫ CRÔNICA
♩ Assim que Alaíde Costa terminou de cantar o samba-canção Neste mesmo lugar (Klecius Caldas e Armando Cavalcante, 1956), o público do Teatro Rival Petrobras entoou em coro “Maravilhosa! Maravilhosa!”, saudando essa grande cantora carioca que fará 90 anos em dezembro.
Na noite de ontem, 9 de maio, o palco desse tradicional teatro também carioca e já nonagenário ficou iluminado por essa estrela da canção brasileira. Era o lançamento, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), do show baseado no álbum em que Alaíde dá voz ao repertório da cantora Dalva de Oliveira (5 de maio de 1917 – 30 de agosto de 1972), outra estrela, esta da era do rádio.
A plateia contou com a ilustre presença do também já nonagenário Hermínio Bello de Carvalho, idealizador há cerca de 40 anos do disco concretizado em 2024 pelo produtor Thiago Marques Luiz para satisfazer o desejo de Alaíde e lançado ontem, no dia do show, em edição digital (a edição em LP, com 13 das 17 faixas, está prevista para o segundo semestre).
Diante de Hermínio, cuja presença foi saudada por Alaíde logo no início da apresentação, a cantora encadeou todas as 19 músicas do álbum Uma estrela para Dalva em roteiro aberto com citação da marcha-rancho Bandeira branca (Max Nunes e Laércio Alves, 1969) e encerrado, antes do bis, com Estrela do mar (Marino Pinto e Paulo Soledade, 1952).
Palco desse lançamento, o Teatro Rival Petrobrás foi cenário de aclamação geral, enfatizada quando, no bis, a cantora recebeu a Medalha Pedro Ernesto, honraria que a Câmara Municipal do Rio de Janeiro concede a personalidades que sobressaem na sociedade brasileira.
Sem ler as letras em teleprompter e acompanhada por trio de piano, baixo e bateria, Alaíde Costa mostrou categoria vocal e intimidade com o repertório de sambas-canção que destilam mágoas de amor.
Foi somente uma apresentação dessa cantora que, embora carioca, é presença bissexta nos palcos da cidade natal do Rio de Janeiro (RJ). Por isso mesmo, o que se percebeu na plateia foi sensação de privilégio por poder assistir ao show de uma cantora no pleno domínio do ofício que abraça com coerência e dignidade há 70 anos.
Os músicos estavam afinados com o espírito do repertório de Dalva de Oliveira, mas ninguém brilhou mais do que Alaíde Costa, estrela de primeira grandeza na constelação da música brasileira.