Estudo reforça: Covid-19 não saiu de laboratório

Um novo estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego rebate a tese de que o vírus que causa a Covid-19 tenha sido criado em laboratório — uma hipótese controversa desde o início.

A pesquisa identificou que o ancestral do vírus que causa a doença deixou seu ponto de origem na China Ocidental ou no norte do Laos apenas alguns anos antes de a doença surgir pela primeira vez em humanos, a até 2.700 quilômetros de distância, na China Central.

E esse tempo, segundo os pesquisadores, não é suficiente para que o vírus em evolução tenha sido transportado para lá pela dispersão natural de seu hospedeiro primário, o morcego-ferradura.

Foi a partir daí que os cientistas começaram a suspeitar que o vírus “pegou carona” com outros animais por meio do comércio de animais selvagens, consistente com o que aconteceu durante o surto de SARS em 2002.

Pesquisadores mapearam história evolutiva do sarbecovírus pela Ásia antes de surgirem em humanos (Imagem: CreativeNature_nl/iStock)

O que a pesquisa encontrou?

Os sarbecovírus deram origem a coronavírus relacionados à síndrome respiratória aguda grave, incluindo o SARS-CoV-1, a cepa que causou a pandemia de SARS de 2002 a 2004, e o SARS-CoV-2, a cepa que resultou na pandemia de Covid-19. Os morcegos-ferradura são seus principais hospedeiros. 

Os pesquisadores, então, analisaram a árvore genealógica de ambas as cepas virais usando dados de sequência genômica disponíveis online, mapeando sua história evolutiva pela Ásia antes de surgirem em humanos.

A análise mostrou que os sarbecovírus relacionados ao SARS-CoV-1 e ao SARS-CoV-2 circulam pelo oeste da China e pelo sudeste asiático há milênios. Durante esse período, eles se deslocaram pela paisagem em velocidades semelhantes às de seus hospedeiros, os morcegos-ferradura. 

“Mostramos que o SARS-CoV-1 original estava circulando no oeste da China — apenas um a dois anos antes do surgimento do SARS na província de Guangdong, centro-sul da China, e o SARS-CoV-2 no oeste da China ou norte do Laos — apenas cinco a sete anos antes do surgimento da COVID-19 em Wuhan”, disse Jonathan E. Pekar, um dos autores.

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Análise mostra semelhanças com a pandemia de SARS de 2002 a 2004 (Imagem: to:peterschreiber.media/iStock)

O que isso quer dizer?

Considerando essas distâncias, os pesquisadores estimaram que seria muito mais provável o transporte do vírus de forma acidental por comerciantes de animais selvagens por meio de hospedeiros intermediários do que pela dispersão de morcegos.

Estudos anteriores sugeriram que o SARS-CoV-1 provavelmente foi transportado da província de Yunnan, no oeste da China, para a província de Guangdong por civetas-palmeiras ou cães-guaxinins infectados — e a nova pesquisa indica que o mesmo ocorreu com o SARS-CoV-2.

“Por mais de duas décadas, a comunidade científica concluiu que o comércio de animais vivos com animais selvagens era a forma como essas centenas de quilômetros eram percorridas. Estamos observando exatamente o mesmo padrão com o SARS-CoV-2”, afirmou o coautor sênior Michael Worobey.

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