Mapa-múndi invertido gera indignação nos meios acadêmicos e políticos
Imagine a seguinte situação: você está se preparando para a prova do Enem, e uma das questões aborda alguma característica geográfica de um país vizinho ao Brasil, por exemplo. Se você estudar a matéria pela mais recente insanidade criada por um maluco chamado Marcio Pochmann, nome indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidir o estratégico Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — maior repositório oficial de dados macroeconômicos do Brasil, referência para a formulação de políticas públicas —, você vai tirar nota zero, porque o gênio da raça Marcio Pochmann mandou o órgão reformular o mapa-múndi e ainda o vende por R$ 25,00 no site do IBGE.
Quem manda sou eu
A publicação do mapa-múndi invertido foi ordenada por Marcio Pochmann, que não consultou as áreas técnicas do IBGE; portanto, atende à agenda pessoal do presidente.
Núcleo sindical reage
O núcleo sindical de parte dos servidores divulgou um manifesto em repúdio ao lançamento, que considera “um gesto sem respaldo técnico reconhecido pelas convenções cartográficas internacionais”. Desde que Pochmann assumiu o comando do IBGE, acumulam-se problemas.
Desmoralização em curso
Em trecho do manifesto, seus autores salientam: “Trata-se de uma iniciativa que, em vez de informar, distorce; em vez de representar a realidade com rigor, cria uma encenação simbólica que compromete a credibilidade construída pelo IBGE ao longo de décadas de trabalho sério, imparcial e respeitado globalmente. Também se fere o princípio da eficiência, pois a adoção de padrões gráficos não reconhecidos confunde a educação, prejudica comparações internacionais e deslegitima produtos oficiais.”
Desvio institucional
Os servidores lembram ainda, no texto, que a atual polêmica “não é um caso isolado”, referindo-se à publicação, pela atual gestão, do documento Brasil em Números 2024, em janeiro do ano passado, que incluiu um prefácio assinado pela governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, exaltando realizações de sua gestão. Na ocasião, a direção do IBGE ignorou os alertas do corpo técnico sobre “o desvio institucional”.
Sandice do mapa-múndi coloca Brasil no centro do mundo
A publicação do mapa-múndi invertido traz o Brasil no centro do mundo, mas desta vez com a perspectiva invertida: o Sul figura no topo da imagem. Segundo parte dos trabalhadores, atos da atual direção configuram desvio institucional. O sujeito tem que “plantar bananeira” para entender o mapa.
Distorção do deslumbrado militante petista
Em outro trecho do manifesto, o núcleo sindical alerta: “A responsabilidade por esses desvios recai inteiramente sobre a atual gestão do IBGE, que, em vez de proteger a função pública do Instituto, tem insistido em empurrá-lo para o campo da imagem, da alegoria, da ação promocional. Não há desculpa técnica, jurídica ou pedagógica para esse tipo de prática. Nenhum país se torna mais respeitado por estar no centro de um papel. A grandeza internacional se conquista com políticas públicas consistentes, instituições confiáveis e dados transparentes — não com encenações visuais”.
Violação das regras
Segundo os servidores, os atos recentes teriam violado três princípios constitucionais da administração pública: finalidade administrativa, uma vez que o IBGE tem como função produzir informação técnica e objetiva, e não material simbólico ou político; impessoalidade, por servir à sociedade e não a narrativas de governantes ou gestões; e moralidade administrativa, porque os recursos públicos devem ser usados com integridade e respeito à função estatal.
Motivação política
O manifesto do núcleo sindical destaca: “A gestão atual do IBGE vem falhando, repetidamente, em proteger o valor técnico e a integridade institucional do órgão. O IBGE não pertence a pessoas. Pertence ao Estado, à sociedade e ao futuro. O Brasil não precisa estar no centro do papel. Precisa estar no centro da honestidade técnica, da responsabilidade pública e do compromisso com a verdade. Por isso dizemos, com serenidade firme: não ao mapa da vaidade. Sim à ciência, à integridade e à maturidade institucional”.
Aparelhamento
Desde que assumiu, Pochmann é acusado pelos servidores de ter criado o “IBGE paralelo”, e está comprometendo a imagem do órgão e contribuindo para o desgaste do governo Lula.
A desconfiança em relação à Fundação IBGE + — mais uma invenção de Marcio Pochmann, amplamente criticada pelos servidores —, atinge em cheio o Palácio do Planalto. Desde que Lula indicou o aliado à presidência do IBGE, em julho de 2023, o órgão vive sob escrutínio público. A indicação foi feita sem o conhecimento da ministra do Planejamento, Simone Tebet, que afirmou desconhecer o economista.
Crise
Logo após assumir o comando do IBGE, Márcio Pochmann abriu uma crise com os servidores do órgão. O embate se arrasta desde setembro de 2024, quando servidores denunciaram falta de diálogo da presidência. O pomo da discórdia foi a Fundação IBGE+, de caráter público-privado, que segundo eles foi criada por Pochmann “de forma sigilosa e sem consulta aos servidores, em julho de 2024”.
Gestão temerária
A repercussão do caso levou o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), a solicitar ao Tribunal de Contas da União (TCU) que apure “possível gestão temerária” de Pochmann e avalie seu afastamento cautelar da presidência do IBGE.
A ideia, segundo Marinho, é “resguardar o IBGE e seus trabalhos de coleta de dados e de pesquisas” e evitar prejuízos à credibilidade do IPCA, principal índice de inflação do país. Para o senador, a “incapacidade” de Pochmann de resolver o impasse com servidores e diretores poderá “comprometer e contaminar” as pesquisas do órgão.
Lançamento
O IBGE informou que “o lançamento inédito” do mapa-múndi oficial invertido tinha versões em português e em inglês, ao custo de R$ 25,00, disponível no site do órgão.
O internauta Sergio Reinhardt cravou: “Segundo Pochmann, gaúchos serão os nascidos no Rio Grande do Norte e potiguares no Rio Grande do Sul. Brilhante!”
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