Sob Lula, Brasil estreita laços com a China em IA, chips e conectividade

Presidente Lula durante a assinatura de uma série de acordos entre empresas brasileiras e chinesas, em Pequim. - Foto: Ricardo Stuckert/PR
Presidente Lula durante a assinatura de uma série de acordos entre empresas brasileiras e chinesas, em Pequim. – Foto: Ricardo Stuckert/PR

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, nesta semana, consolidou uma reaproximação que se desenha desde a reeleição, em 2023. Se sob Bolsonaro o discurso vinha alinhado à política dos Estados Unidos contra gigantes como Huawei e ZTE, inclusive com propostas de que tais empresas não participassem mais de projetos estatais, nos últimos quase dois anos e meio o cenário inverteu-se.

No Fórum Empresarial Brasil-China e o Seminário Econômico Brasil-China, encerrado hoje, 12, Lula enumerou as diversas iniciativas que sinalizam para o estreitamento de laços desde que reassumiu e que, em conjunto, podem resultar em um investimento de R$ 27 bilhões do país asiático no Brasil ao longo dos próximos anos.

Entre os empreendimentos listados estão aqueles de infraestrutura digital, semicondutores, inteligência artificial, conectividade remota e desenvolvimento de software.

Uma das ações envolve a criação do Centro Virtual de Pesquisa e Desenvolvimento em Inteligência Artificial, resultado de uma parceria entre a Dataprev e a Huawei assinada em meados de 2024. Segundo o presidente Lula, o centro será essencial para o avanço de aplicações em “agricultura, saúde, segurança pública e mobilidade”.

Na área de conectividade, a estatal Telebras promete ampliar a oferta de banda larga via satélite por meio de parceria com a empresa chinesa Spacesail. “A parceria da Telebras com a Spacesail ampliará a oferta de satélites de baixa órbita e levará a internet a mais brasileiros, principalmente aos que vivem em áreas mais remotas”, afirmou Lula, durante discurso no encerramento do Fórum Empresarial.

A fabricante chinesa de semicondutores Longsys anunciou investimento de R$ 650 milhões, por meio da filial Zilia, para expansão da capacidade produtiva de suas fábricas em São Paulo e Amazonas. Os recursos, privados, serão destinados a aumentar a fabricação local de componentes estratégicos em memória, armazenamento e circuitos integrados.

Outro acordo relevante foi firmado entre a Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) e o parque tecnológico Zhongguancun (ZGC), principal hub de inovação da China. A parceria prevê iniciativas em inteligência artificial, infraestrutura de dados, capacitação de talentos e internacionalização de empresas brasileiras de software.

Convite a mais investimentos

Durante o Seminário Econômico Brasil-China, o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, apresentou o atual cenário do setor de TICs no Brasil e destacou programas prioritários. Segundo ele, o país vive um “momento único de ampliação da infraestrutura de conectividade”, o que “representa uma janela de oportunidades para investidores internacionais”.

Entre os destaques, o ministro citou o programa Norte Conectado, que implanta infovias ópticas subfluviais na região amazônica. A empresa chinesa ZTE fornece equipamentos para as infovias. “É uma demonstração clara de como a parceria Brasil-China pode gerar resultados concretos e levar conectividade a regiões antes isoladas do país”, declarou.

Siqueira também mencionou os testes em andamento da TV 3.0, que está sendo implantada em cidades-piloto e deverá oferecer transmissão em 4K, interatividade e novos serviços digitais por meio do sinal aberto. Segundo ele, o Brasil “está pronto para quem quer crescer junto. E o Ministério das Comunicações está à disposição para construir essas pontes”. Vale lembrar que o padrão tecnológico adotado será o elaborado por empresas norte-americanas, mas que televisores antigos precisarão ser trocados por novos ou receber conversores de sinal.

China vê Brasil como pilar da liderança tecnológica do Sul Global

Em pronunciamento oficial, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou nesta segunda-feira, 12, que a visita de Lula “é de grande significado diante da situação internacional atual, caracterizada por mudança e turbulência”.

Lin destacou que Brasil e China são “grandes países em desenvolvimento, importantes mercados emergentes e membros fundamentais do BRICS e do Sul Global”. Ele ressaltou que as relações bilaterais “sempre estiveram na vanguarda das relações da China com países em desenvolvimento”.

Segundo o porta-voz, a relação entrou em “novo período histórico” após a visita de Xi Jinping ao Brasil em 2024, quando os dois países anunciaram “a criação da comunidade China-Brasil com futuro compartilhado para um mundo mais justo e um planeta mais sustentável”, além da integração da Iniciativa do Cinturão e Rota às estratégias brasileiras de desenvolvimento.

“Esta visita irá enriquecer ainda mais o significado estratégico da comunidade China-Brasil de futuro compartilhado, e demonstrará o comprometimento e a responsabilidade de China e Brasil em liderar os países do Sul Global no fortalecimento da solidariedade e na promoção da estabilidade e prosperidade regionais e mundiais”, afirmou Lin.

Durante a agenda em Pequim, Lula também participou da cerimônia de abertura da 4ª Reunião Ministerial do Fórum China-CELAC, que amplia a cooperação em ciência, tecnologia e conectividade digital entre China e países da América Latina e Caribe.

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