Alguns seriados mais icônicos da TV não resistiram bem ao teste do tempo e, com o passar dos anos, entraram no hall das séries que envelheceram mal.
Embora tenham sido inovadores em suas abordagens, como a representação de personagens femininas fortes ou a exploração de temas como saúde mental e diversidade, muitos aspectos de suas tramas e personagens são problemáticos.
A representação de minorias e a falta de profundidade em questões sociais, assim como polêmicas envolvendo criadores e atores, impactaram qualidades seus legados.
Produções aclamadas também enfrentam críticas por conceitos e piadas que não se sustentam mais. Séries que antes eram celebradas por suas representações de juventude e feminilidade agora são questionadas por falhas na representatividade racial ou por abordagens insensíveis, como o uso de blackface ou piadas com minorias.
Embora ainda sejam referências em seus gêneros, muitos de seus enredos e piadas, que lidam com temas sensíveis de maneira superficial, estão se tornando cada vez mais inaceitáveis.
Nas sitcoms, a perpetuação de estereótipos também gerou desconforto. Séries populares que abordavam temas como a neurodivergência ou a objetificação feminina como piada agora enfrentam críticas por sua visão sexista e desatualizada.
Embora ainda tenham grandes legiões de fãs, é impossível ignorar que muitas escolhas narrativas e temáticas não resistiram à evolução dos valores sociais.
8 séries icônicas que envelheceram mal e geraram polêmicas
- 1. Buffy, A Caça-Vampiros: Um clássico que envelheceu mal?
- 2. The Cosby Show: O legado manchado de um clássico
- 3. Batman: The Animated Series: Um clássico que envelheceu com algumas falhas
- 4. Girls: Entre a subversão e os problemas que envelheceram mal
- 5. 30 Rock: Brilhante, mas problemático com o tempo
- 6. Seinfeld: Um clássico da comédia que não envelheceu para todos
- 7. The Big Bang Theory: O humor que não envelheceu bem
- 8. Dois Homens e Meio: O humor que não sobreviveu ao tempo
1. Buffy, A Caça-Vampiros: Um clássico que envelheceu mal?
Entre 1997 e 2003, “Buffy, a Caça-Vampiros” se firmou como uma das melhores séries sobrenaturais – e uma das melhores séries de TV, ponto final.

A produção explorou de forma inovadora os desafios da adolescência, transformando monstros literários em metáforas para dilemas emocionais. Além disso, marcou a televisão ao apresentar um dos primeiros relacionamentos lésbicos, abordando a saúde mental antes que o tema se popularizasse e tratando seus jovens personagens com profundidade e seriedade.
No entanto, é uma das séries que envelheceram mal. A série recorreu ao tropo polêmico “Bury Your Gays”, teve pouca representatividade negra e com um protagonista masculino, Xander, cuja atitude, especialmente nas primeiras temporadas, levanta questionamentos hoje.
Além disso, uma cena perturbadora de tentativa de estupro e as denúncias de comportamento abusivo do criador Joss Whedon nos bastidores fazem com que até mesmo os fãs mais fiéis reconheçam as falhas de “Buffy”.
Apesar de seu impacto cultural, a série se tornou um exemplo clássico de produção que, com o tempo, passou a ser vista sob uma nova e mais crítica perspectiva.
Onde assistir: disponível em Disney+.
2. The Cosby Show: O legado manchado de um clássico
Exibida entre 1984 e 1992, “The Cosby Show” acompanhou os Huxtables, uma família negra de classe média alta, e conquistou o público ao retratar com leveza e humor os desafios da vida familiar.

A série é frequentemente creditada por revitalizar o formato das sitcoms e dominar a audiência televisiva, liderando por cinco temporadas consecutivas.
Além disso, sua representação positiva de personagens negros foi um marco na TV americana, ajudando a quebrar estereótipos e ampliando as narrativas sobre a experiência negra nos Estados Unidos.
No entanto, “The Cosby Show” também está entre as séries que envelheceram mal, e o motivo vai além do seu conteúdo. Desde 2014, inúmeras mulheres foram ao público acusar Bill Cosby de agressão sexual, revelando um padrão de abusos que teriam ocorrido, inclusive, nos bastidores da série.
As denúncias são devastadoras e, inevitavelmente, alteram a percepção do programa. Por mais que sua importância cultural seja inegável, é impossível assistir a “The Cosby Show” sem que seu legado seja ofuscado pelas ações de seu criador e protagonista.
Onde assistir: disponível em Amazon Prime Video.
3. Batman: The Animated Series: Um clássico que envelheceu com algumas falhas
Exibida entre 1992 e 1999, Batman: The Animated Series é amplamente considerada uma das melhores animações já feitas para a televisão.

Com um tom maduro e narrativas envolventes, a série nunca subestimou seu público, conquistando espectadores de todas as idades.
Além disso, sua estética sombria e estilizada, inspirada no art déco, continua sendo um marco visual, capaz de impressionar até mesmo na era da animação digital.
A série também é destacada por abordar temas complexos, como trauma, redenção e moralidade, dando profundidade a heróis e vilões como poucas animações obtidas.
Mas, ao tratar de temas pesados, como abuso de drogas, reincidência criminosa e desigualdade social, a série nem sempre teve tempo ou profundidade suficiente para explorá-los com a seriedade que mereciam.
Por isso, Batman: The Animated Series está entre as séries que envelheceram mal diante desses aspectos. Fora isso, algumas representações de personagens e situações hoje podem ser vistas como simplistas ou problemáticas.
Ainda assim, mesmo com suas limitações, a série segue como um marco na animação e na mitologia do Cavaleiro das Trevas.
Onde assistir: disponível em Amazon Prime Video.
4. Girls: Entre a subversão e os problemas que envelheceram mal
Desde sua estreia na HBO, “Girls” (2012-2017), criada por Lena Dunham, foi uma série tão inovadora quanto polêmica.

Sua abordagem franca sobre sexo, relacionamentos e a turbulência da vida jovem-adulta em Nova York corta tabus e rendeu comparações com “Sex and the City” para uma nova geração.
Muitas das críticas iniciais sobre sua representação da sexualidade e do corpo feminino hoje são datadas, já que parte do impacto da série veio justamente de sua disposição em retratar o sexo e a nudez de forma crua e sem idealizações.
Ainda assim, “Girls” está entre as séries que envelheceram mal, especialmente quando se trata de representatividade. As críticas sobre a falta de diversidade racial em seu elenco principal não eram apenas válidas na época, como continuam sendo pertinentes.
Embora a série tenha corrigido esse problema após a primeira temporada, a inclusão de personagens não brancos muitas vezes pareceu superficial, sem o mesmo desenvolvimento complexo dado aos protagonistas brancos.
Assim, “Girls” permanece um marco da TV moderna, mas também um exemplo de como uma produção pode ser, ao mesmo tempo, revolucionária e limitada por suas próprias falhas.
Onde assistir: disponível em Amazon Prime Video e Max.
5. 30 Rock: Brilhante, mas problemático com o tempo
Mesmo entre outras sitcoms dirigidas por mulheres, como “Parks and Recreation” e “The Mindy Project”, “30 Rock” (2006-2013) se destaca por seu humor acelerado, seu meta-comentário sobre a indústria do entretenimento e seu protagonista singular.

Liz Lemon, interpretada por Tina Fey, se via como uma heroína de sua própria história, mas a série frequentemente desmontava essa ilusão, tornando-a tanto a anti-heroína quanto, em alguns episódios, a verdadeira vilã da trama.
Essa autocrítica e o tom absurdo da série ajudaram a consolidá-la como uma das comédias mais inteligentes de sua época.
Apesar disso, “30 Rock” está entre as séries que envelheceram mal, especialmente em relação ao limite do que era considerado humor aceitável.
Na maioria das vezes, o comportamento de Lemon era claramente retratado como problemático, mas havia momentos em que a série parecia endossar suas atitudes ou explorar piadas que hoje soam inapropriadas.
O caso mais evidente são as cenas envolvendo blackface, que geraram tanto desconforto que foram posteriormente removidas das plataformas de streaming. Mesmo sendo uma das comédias mais afiadas da TV, “30 Rock” agora carrega um legado misto, refletindo tanto seu brilho quanto os excessos de sua época.
Onde assistir: disponível em Apple TV+.
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6. Seinfeld: Um clássico da comédia que não envelheceu para todos
Exibida entre 1989 e 1998, “Seinfeld” se redefiniu como sitcoms ao transformar o cotidiano banal em humor refinado. Criada e estrelada por Jerry Seinfeld, a série acompanhava a vida do comediante em Nova York e suas interações com um grupo de amigos excêntricos.

Com piadas afiadas, tramas absurdas e um olhar cínico sobre a sociedade, “Seinfeld” se tornou uma característica cultural e um dos programas mais influentes da televisão. Seu impacto na comédia é inegável, com inúmeras séries posteriores bebendo de sua fórmula.
Para parte do público atual, “Seinfeld” está entre as séries que envelheceram mal. Um dos principais motivos é o formato clássico de sitcom com risadas de fundo, que alguns espectadores consideram ultrapassado e artificial.
Além disso, algumas piadas e tramas que funcionaram nos anos 90 hoje são vistas como insensíveis ou datadas. Como acontece com muitas produções de sua época, “Seinfeld” continua um marco da TV, mas nem todos oferecem assistir com o mesmo encanto de antes.
Onde assistir: disponível em Netflix.
7. The Big Bang Theory: O humor que não envelheceu bem
Exibida entre 2007 e 2019, “The Big Bang Theory” conquistou o público ao transformar uma cultura nerd em entretenimento de massa.

Com personagens excêntricos e uma abordagem cômica sobre ciência, tecnologia e cultura pop, a série foi um sucesso de audiência e aconteceu no ar por 12 temporadas.
No entanto, o que antes parecia inovador hoje já não é tão relevante. A ideia de que ser nerd é algo estranho e socialmente deslocado perdeu o impacto, especialmente em um mundo onde a cultura geek se tornou mainstream.
Além disso, “The Big Bang Theory” está entre as séries que envelheceram mal por conta de seu uso frequente de estereótipos.
O mutismo seletivo de Raj é tratado como piada, Penny muitas vezes é reduzido ao papel de “loira burra” e objeto de desejo, enquanto as excentricidades de Sheldon são claramente baseadas em traços neurodivergentes, mas sem um tratamento respeitoso.
Howard, por sua vez, passa as primeiras temporadas com um comportamento sexista e inadequado, suavizado apenas quando entra em um relacionamento sério.
Embora “Young Sheldon” tenha conseguido trazer uma visão mais humanizada do protagonista, “The Big Bang Theory” muitas vezes se apoia no exagero e na ridicularização de seus próprios personagens, tornando seu humor datado para muitos espectadores atuais.
Onde assistir: disponível em Amazon Prime Video e Max.
8. Dois Homens e Meio: O humor que não sobreviveu ao tempo
Lançado em 2003 até 2014, “Two and a Half Men” se tornou uma das sitcoms mais populares da TV, com sua fórmula simples e humor voltado para as desventuras da mulherengo Charlie Harper (Charlie Sheen), seu irmão Alan (Jon Cryer) e o jovem Jake (Angus T. Jones).

No entanto, entre as séries que envelheceram mal, essa é uma das que mais se destaca. Desde o início, o programa normalizou e até celebrou o comportamento sexista de Charlie, que via as mulheres como meros objetos de prazer.
Mesmo após a saída de Sheen e a entrada de Ashton Kutcher, o tom geral da série permaneceu o mesmo, sem grandes mudanças na forma como retratava as personagens femininas.
Embora “Two and a Half Men” tentasse equilibrar seu humor com a presença de Alan como uma voz mais sensata, ele curiosamente fez algo além de revirar os olhos para as atitudes do irmão.
O problema se torna ainda mais evidente quando se considera o impacto disso sobre Jake, que cresceu em meio a essas influências sem qualquer crítica real dentro da narrativa.
O próprio ator Angus T. Jones chegou a condenar o programa por suas tramas questionáveis, especialmente nas temporadas finais, quando seu personagem se envolve em relacionamentos problemáticos com mulheres mais velhas.
Com o tempo, “Two and a Half Men” deixou de ser apenas uma sitcom exagerada para se tornar um exemplo clássico de como certos tipos de humor não envelhecem bem.
Onde assistir: disponível em Amazon Prime Video e Max.
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