Por que não conhecemos os mexicanos

Quando, em 2012, foi calculado o número de mexicanos que viviam no Brasil, chegou-se ao número de oito mil.

Portanto, existia, proporcionalmente, no País, 23.750 brasileiros para cada mexicano.

Oito anos depois, o governo do México atualizou aqueles dados.

E, constatou-se que o número dos componentes daquela colônia, entre nós, havia minguado ainda mais.

Eles eram apenas 2.132.

Assim, não é difícil imaginar quantos brasileiros morrem de velhice sem jamais ter visto uma única pessoa nascida no México, hoje, uma nação com 127 milhões de habitantes.

Nem por isto, muitos de nós deixaram de se sentir ligados aos mexicanos.

No passado, por causa dos filmes de Cantinflas, dos boleros do Trio Los Panchos, do visual e dos sons dos mariachis, assim como de antigos símbolos de rebeldia política, como Pancho Vila e Emiliano Zapata. E, nos anos de 1990 como os guerreiros do Exército Zapatista de Libertação Nacional.

Nos dias atuais, nos ligam, de modo tênue, ao México a admiração por Frida Kahlo, e, a repetição, na televisão, do teatro mambembe criado por Roberto Gómez Bolaños, o Chaves.

Não por coincidência são estes personagens, conhecidos não só no México e no Brasil, que aparecem no famoso mural do restaurante mexicano Dona Papa.

No mesmo mural no qual as ausências dos galãs e das mocinhas das telenovelas da Televisa, exibidas em vários países, além do México, são de uma evidência ululante.

O que é compreensível porque pouco, ou nada, nestas telenovelas há da aparência dos verdadeiros dos mexicanos, majoritariamente mestiços. Já que seus elencos são escolhidos segundo padrões de beleza branca de Hollywood.

Infelizmente, este viés preconceituoso contra os mexicanos é reforçado pelo maciço noticiário das agências internacionais sobre crimes do narcotráfico. O qual dá a impressão de que todo mexicano é feio, usa droga ou trafica.

Distorção reforçada ainda mais pelos filmes americanos nos quais os bandidos veem o México como um refúgio para eles.

Tais tratamentos caluniosos e perversos da imagem daquela nação foram fortalecidos, em passado recente, pelas ofensas públicas cometidas por Donald Trump contra ela. Conquanto o território dos EUA, em boa parte, tenha sido subtraído do México. Aquela parte correspondente inteiramente aos estados da Califórnia, Nevada, Texas, Utah, Novo México, e, parcialmente, aos de Arizona, Colorado e Wyoming.

Assim, os brasileiros, bombardeados permanentemente por tantas mentiras graves, raramente têm oportunidade de absorve rinformações sobre a riqueza cultural de um povo milenar.

  • Oswaldo Coimbra é escritor e jornalista

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