A incrível história dos cães de Chernobyl – entenda como eles sobreviveram ao pior acidente nuclear de todos os tempos

Em 26 de abril de 1986, o reator de número 4 da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, explodiu e pegou fogo durante um teste de segurança, liberando grandes quantidades de radiação para a atmosfera.

Em menos de dois dias, as autoridades soviéticas evacuaram todas as cidades da região. Somente em Pripyat, por exemplo, mais de 350 mil pessoas deixaram suas casas às pressas. E foi às pressas de verdade: muitas não fizeram suas malas e saíram apenas com a roupa do corpo. Muitas também tiveram de abandonar seus bichinhos de estimação.

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O que poderia ser uma história ainda mais trágica se tornou um evento científico único. Os cachorros abandonados sobreviveram. E hoje, quase 40 anos depois, seus descendentes vivem em uma população de mais de 700 cães.

O caso chamou a atenção de cientistas de todo o mundo, que passaram a estudar os animais. Em 2017, geneticistas e biólogos americanos visitaram o local e passaram a monitorar os antigos pets. O estudo saiu em 2023 na revista Science Advances – e falaremos sobre ele agora.

Sinal de alerta em zona de exclusão de Chernobyl
O acidente de Chernobyl é considerado a maior (e pior) tragédia nuclear da história – Imagem: Jerry Vermanen/Shutterstock

Como eles sobreviveram?

  • O desastre de Chernobyl matou cerca de 50 pessoas durante a explosão.
  • De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), porém, mais de 4 mil morreram de forma indireta, por causa da exposição à radiação.
  • Alguns especialistas dizem que esse número é subestimado e que, na verdade, centenas de milhares faleceram por esses motivos.
  • Isso torna a história desses cachorros ainda mais surpreendente.
  • O estudo analisou o DNA de 302 cães selvagens que viviam perto da usina e comparou com o código genético de animais a mais de 40 quilômetros de distância.
  • E os cientistas perceberam que os cachorros da região desenvolveram características genéticas singulares.
  • Uma “assinatura genética única”, segundo afirmaram os próprios autores.
  • Apesar da descoberta, os cientistas não conseguem afirmar com certeza se esse DNA diferente foi causado pela radiação.
  • A outra hipótese é a da endogamia, ou seja, o acasalamento entre indivíduos geneticamente semelhantes.
  • Eles descobriram que existem apenas 15 famílias entre as centenas de cães da região.
  • Como ficaram isolados por décadas, eles se reproduziam apenas entre si, o que pode ter levado a essa assinatura genética particular.
Cachorros são criaturas fofinhas, mas também são fortes e com grande poder de adaptação – Imagem: JC Gellidon/Unsplash

Os cães hoje em dia

Os pesquisadores devem fazer novos estudos para esclarecer essa dúvida. O importante é que a população de cachorros sobreviveu. É verdade que eles vivem apenas de 3 a 5 anos – bem menos do que a média em outros lugares. Ainda assim, não deixam de ser um exemplo de adaptação e resiliência.

Hoje, os animais viraram uma espécie de atração turística da região. E além de buscarem o próprio alimento na natureza, também ganham comida de visitantes e de trabalhadores que atuam na contenção e na limpeza da Zona de Exclusão de Chernobyl.

Essa zona possui 2,6 mil quilômetros quadrados e permite a visitação de civis, desde que acompanhados por guias credenciados. A área ainda é considerada contaminada, mas os níveis de radiação são baixos, por isso a liberação para turistas.

Vale destacar que os tours estão suspensos temporariamente em função da guerra entre Rússia e Ucrânia. Ou seja, os cães de Chernobyl voltaram a ficar sozinhos. Nada que eles não possam enfrentar, já que sobreviveram ao maior acidente nuclear da história.

As informações são da CNN.

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