Todas as alegações perturbadoras reveladas no primeiro dia do julgamento de Diddy

Todas as alegações perturbadoras reveladas no primeiro dia do julgamento de Diddy

O nome Sean “Diddy” Combs, um dos magnatas mais influentes da música e dos negócios, está no centro de um dos julgamentos mais comentados dos últimos anos. O processo, que começou oficialmente em maio de 2024, já trouxe à tona alegações graves de tráfico sexual, conspiração para racketeering e transporte de pessoas para prostituição. Combs, que nega todas as acusações, enfrenta a possibilidade de prisão perpétua se condenado.

A prisão e as acusações formais

No dia 16 de setembro de 2024, agentes federais prenderam Combs, de 55 anos, no luxuoso hotel Park Hyatt, em Manhattan, Nova York. A ação ocorreu após um grande júri ter aceitado as acusações apresentadas pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O documento judicial, mantido sob sigilo até então, descreve uma série de crimes supostamente cometidos pelo rapper e empresário ao longo de anos.

Segundo o Ministério Público, Combs teria usado sua influência, recursos e funcionários de seu império empresarial para “satisfazer desejos sexuais, proteger sua reputação e esconder condutas criminosas”. Entre os delitos listados estão tráfico sexual, trabalho forçado, sequestro, incêndio criminoso, suborno e obstrução da justiça. O texto ainda afirma que o abuso físico e psicológico contra mulheres e outras pessoas próximas a ele era “frequente e de conhecimento amplo”.

O primeiro dia do julgamento: foco em Cassie Ventura e “freak-offs”

Na segunda-feira, 13 de maio, o tribunal de Manhattan deu início ao julgamento com as alegações iniciais da promotoria. Os procuradores concentraram suas argumentações em dois relacionamentos passados de Combs: um com a ex-namorada Casandra “Cassie” Ventura, cantora e modelo, e outro com uma mulher que permanece anônima.

De acordo com a acusação, Combs teria submetido as mulheres a um esquema de violência e coerção, usando ameaças contra suas carreiras para obrigá-las a participar de eventos sexuais chamados de “freak-offs”. Esses encontros, segundo relatos, ocorriam em hotéis de Nova York ou nas residências do artista, com duração variando de uma a dez horas. A promotoria alega que Combs filmava as atividades e, em alguns casos, usava máscaras para não ser identificado.

A primeira testemunha: o segurança do hotel e o vídeo que viralizou

Um vídeo mostra Combs agredindo a então namorada Cassie Ventura

Logo após as alegações iniciais, a promotoria chamou Israel Florez, ex-segurança do InterContinental Hotel, em Los Angeles, como primeira testemunha. Florez, que hoje é policial, descreveu com detalhes o incidente de março de 2016, quando foi chamado para verificar uma “mulher em situação de perigo” no sexto andar do estabelecimento.

Ao chegar ao local, Florez afirmou ter encontrado Ventura encolhida em um canto, cobrindo o rosto, enquanto Combs estava parado ao lado dela, vestindo apenas uma toalha e meias. Segundo o depoimento, Ventura expressou o desejo de sair do quarto, mas Combs teria dito que ela “não poderia ir embora”. Florez contou que interveio, colocou o pé na porta para garantir que a mulher saísse e a acompanhou até o lobby. Ele também relatou que Ventura apresentava um olho roxo, mas recusou a oferta de chamar a polícia.

O ex-segurança ainda mencionou um momento tenso quando, ao retornar ao quarto com o gerente do hotel, Combs teria agarrado o celular do funcionário, temendo ser gravado. Florez também afirmou que o rapper mostrou um maço de dinheiro, interpretado como uma tentativa de suborno – alegação rejeitada veementemente pela defesa.

O vídeo do incidente, que circulou amplamente nas redes sociais em 2023, foi exibido no tribunal, mostrando Combs agredindo Ventura no corredor do hotel. A defesa tentou bloquear a exibição do material, argumentando que “violência doméstica não é tráfico sexual”, mas o juiz permitiu que fosse incluído como evidência.

A segunda testemunha: relatos de sexo pago e violência

Daniel Phillip, de 41 anos, foi a segunda testemunha chamada pela promotoria. Ele declarou ter sido contratado em 2015 para participar de um evento que imaginava ser uma festa de despedida de solteira. No entanto, ao chegar ao Gramercy Hotel, em Nova York, deparou-se com Ventura e Combs.

Phillip contou que recebeu US5.000(cercadeR 25 mil na cotação atual) para manter relações sexuais com Ventura enquanto o rapper assistia. Em seu depoimento, descreveu os “freak-offs” como encontros organizados por Combs, nos quais ele ditava ordens específicas aos participantes e gravava tudo.

O homem também relatou um episódio perturbador: em uma ocasião, ouviu gritos e choros vindos do quarto ao lado, onde Ventura e Combs estavam. Ao investigar, teria visto o artista arrastando Ventura pelos cabelos. Questionado sobre por que não denunciou o caso na época, Phillip respondeu: “Tinha medo pela minha vida”.

A defesa de Combs: “Uma vida sexual diferente”

A estratégia da defesa, liderada pelos advogados Teny Geragos e Marc Agnifilo, tem sido minimizar as acusações, classificando-as como exageros de uma vida pessoal incomum. Geragos afirmou que Combs “tem uma vida sexual um pouco diferente”, mas isso não o torna um criminoso.

Em comunicado divulgado após a prisão, Agnifilo destacou que Combs é um “ícone da música, empresário que construiu seu império sozinho, pai dedicado e filantropo” e que colaborou voluntariamente com as investigações. “Ele é uma pessoa imperfeita, mas não um criminoso”, disse o advogado.

O que esperar dos próximos passos

O julgamento deve durar aproximadamente oito semanas, com dezenas de testemunhas previstas para depor. Além de Ventura e da mulher anônima, a promotoria promete apresentar documentos financeiros, gravações e registros de hotéis para comprovar a existência de um “esquema criminoso” liderado por Combs.

Enquanto isso, a defesa planeja contestar a credibilidade das testemunhas, alegando que muitas têm motivações financeiras ou buscavam fama ao se associarem ao nome do rapper. Outro ponto central será a tentativa de separar as alegações de violência doméstica – que, segundo a defesa, não são provas de tráfico sexual – dos crimes federais pelos quais Combs está sendo julgado.

O impacto no legado de um ícone

Independentemente do veredito, o caso já deixou marcas irreversíveis na imagem pública de Combs. Empresas associadas a ele cancelaram contratos, fãs dividiram-se nas redes sociais e antigos colaboradores começaram a compartilhar relatos anônimos sobre supostos comportamentos abusivos.

Enquanto aguarda o desfecho do julgamento, Combs permanece em liberdade, mas sob monitoramento eletrônico. Se condenado, a sentença pode variar de anos até a prisão perpétua, dependendo de quantos crimes forem comprovados.

O caso continua a atrair atenção global, não apenas por envolver uma figura tão proeminente, mas por levantar discussões sobre poder, impunidade e os mecanismos que permitem que alegações graves permaneçam ocultas por anos.

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