Duas gêmeas siamesas naturais de Igaraçu do Tietê, no interior de São Paulo, foram submetidas a uma das cirurgias mais desafiadoras já registradas no país. Unidas desde o nascimento por estruturas ósseas e órgãos vitais, as meninas passaram por um complexo procedimento de separação realizado no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), em Goiânia, no estado de Goiás.
Caso raro de esquiópagas triplas
Segundo a equipe médica responsável, as irmãs nasceram unidas pelo osso ísquio — parte inferior da pelve — e apresentavam uma condição extremamente rara chamada esquiópagas triplas. Elas possuíam três pernas e compartilhavam estruturas fundamentais como a bacia, o abdômen e o tórax, além de diversos órgãos internos.
Esse tipo de união representa uma das formas mais complexas de gemelaridade siamês, o que exigiu planejamento minucioso e acompanhamento médico desde os primeiros meses de vida.
Cirurgia durou quase 27 horas
A tão esperada separação começou na manhã de sábado (10) e terminou somente às 4h20 da madrugada de domingo (11), totalizando quase 27 horas de procedimento. Mais de 50 profissionais da saúde estiveram envolvidos, incluindo cirurgiões, anestesistas, intensivistas e enfermeiros.
De acordo com o Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), o procedimento foi o resultado de mais de um ano de preparação técnica, que incluiu exames detalhados de imagem, simulações tridimensionais e reuniões clínicas semanais para estudo do caso.
Separação do fígado foi a etapa mais crítica
O médico Zacharias Calil, que acompanhou as gêmeas desde os primeiros meses de vida e liderou a equipe cirúrgica, destacou que a separação do fígado foi a parte mais delicada da cirurgia.
“A parte mais difícil foi a separação do fígado, porque havia muita vascularização compartilhada”, afirmou Calil, que além de médico é também deputado federal. Ele é reconhecido nacionalmente por sua atuação em cirurgias de separação de siameses, tendo participado de diversos casos semelhantes ao longo de sua carreira.
Calil também ressaltou a complexidade do planejamento e a importância do trabalho em equipe:
“Foi um processo longo, com muitas etapas. Só conseguimos realizar essa cirurgia porque houve muito estudo e dedicação por parte de todos os profissionais envolvidos”, completou.
Recuperação e expectativa
As meninas permanecem em monitoramento intensivo, e a equipe médica acompanha de perto os sinais vitais e a recuperação de cada uma. O pós-operatório é considerado uma fase crítica, mas os profissionais demonstram otimismo com a evolução clínica das pacientes.
O caso ganhou repercussão nacional não só pela raridade da condição — um dos tipos mais incomuns de siameses —, mas também pelo nível de excelência técnica demonstrado pela equipe do Hecad e pela resistência física e emocional das crianças e de seus familiares.
do Ver-o-Fato, com informações do G1
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