
Ana Luíza Silva dos Santos caminhava pela Rua Baixa da Nanã, no bairro da Engomadeira, em Salvador, quando foi atingida. A bala que matou a estudante saiu de uma ação policial. Era 13 de abril. Ana Luíza foi a única vítima de bala perdida registrada naquele mês.
O disparo não foi exceção no cenário de violência armada que se intensificou na capital baiana e região metropolitana. Em abril, o Instituto Fogo Cruzado contabilizou 155 tiroteios na região. Quase metade — 71 — aconteceu durante ações policiais.
Foi o maior número registrado em 2025. Em março, haviam sido 55. Aumento de 29%. Em abril do ano passado, 59. O crescimento foi de 20% na comparação anual.
As operações deixaram 67 baleados. Quatro eram policiais militares. Os outros 63, civis. Cinquenta e cinco morreram. Oito sobreviveram. Quatro adolescentes estão entre os mortos.
Duas chacinas ocorreram durante operações policiais. Nove pessoas morreram nessas ações. Ao todo, o mês terminou com 131 mortos por arma de fogo em Salvador e região metropolitana.
Outros 24 ficaram feridos. Abril superou em 5% o número de baleados do mesmo período de 2024.
O perfil das vítimas aponta uma maioria de homens e negros. Das 40 pessoas com raça identificada nas ações policiais, 39 eram negras. Apenas uma era branca. Sessenta e seis vítimas eram do sexo masculino. Uma mulher foi morta.
Cinco bairros concentram os tiroteios. Fazenda Grande I teve sete casos. Jardim Nova Esperança, seis. Engenho Velho da Federação, cinco — com seis mortos e três feridos. Lobato e Sussuarana também tiveram cinco tiroteios cada. Em Beiru/Tancredo Neves, foram quatro.
Doze pessoas foram mortas dentro de casa. Duas foram feridas em eventos. Uma morreu dentro de um carro. Entre os mortos, estavam também um motorista por aplicativo e dois mototaxistas.
Ao todo, três chacinas deixaram 12 mortos. Em quatro tiroteios durante perseguições, morreram quatro pessoas. Outras quatro ficaram feridas.
O levantamento é do Instituto Fogo Cruzado, que mantém um banco de dados sobre tiroteios com base em relatos verificados em tempo real, por meio de aplicativo. A coleta foi realizada em Salvador e municípios da região metropolitana.
O Portal iG entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia para comentar os dados, mas não obteve um retorno até a publicação da reportagem. Caso seja feita uma manifestação, a matéria será atualizada.