Almas gêmeas: Com 10 horas de diferença, casal morre no mesmo dia após 74 anos de união – Vídeo

Odileta Pansani de Haro e Paschoal de Haro, de 92 e 94 anos, faleceram com 10 horas de diferença em Votuporanga (SP), poucos dias antes de completarem 74 anos de casados. A história do casal, marcada por amor e cumplicidade, comove familiares e a comunidade local.

Um amor que atravessou décadas, resistiu ao tempo e se eternizou no mesmo dia. Assim pode ser resumida a história de Odileta Pansani de Haro, 92 anos, e Paschoal de Haro, 94, que faleceram com apenas 10 horas de diferença no dia 17 de abril deste ano, em Votuporanga, no interior de São Paulo. Eles estavam prestes a completar 74 anos de casamento — um marco que, embora não tenha sido alcançado em vida, foi superado pela força simbólica da união que mantiveram até o fim.

“Eles eram almas gêmeas. Um não conseguiria viver sem o outro por muito tempo”, afirmou emocionado o genro do casal, Luciano Leal, em entrevista.

Um encontro ao acaso

A história de amor entre Odileta e Paschoal teve início de forma inusitada na praça da Matriz de Votuporanga. Ele, natural de Bálsamo, e ela, de Mirassol — cidades separadas por apenas 14 quilômetros — se conheceram quando ainda eram adolescentes. Na época, Odileta tinha 15 anos e Paschoal, 18.

“O que uniu os dois foi uma correntinha”, relata Luciano. “Paschoal estava brincando com uma corrente, que escapou da mão dele e caiu, por acaso, no braço da Odileta. Eles riram, trocaram olhares, e ali começou tudo.”

A partir daquele momento, nasceu um romance que viria a se consolidar em mais de sete décadas de cumplicidade. Naqueles tempos, sem celular, redes sociais ou mensagens instantâneas, as palavras de amor eram cuidadosamente escritas à mão, em cartas que hoje se tornaram relíquias de uma história afetiva profunda.

Amor em palavras

Entre as correspondências preservadas pela família, uma das primeiras é datada de 3 de dezembro de 1947. Nela, Paschoal, então um jovem apaixonado, revelou seus sentimentos de forma comovente:

“Desejaria viver ao teu lado, adivinhar os teus desejos, fazer-te feliz porque só assim eu seria feliz também. Acredito que jamais pensarei em outra mulher. Mesmo que viva mil anos me lembrarei de ti e dos momentos felizes que passei ao teu lado.”

Dois anos depois, foi a vez de Odileta responder com ternura. Em uma carta de 12 de julho de 1949, ela escreveu:

“No domingo saí, eram sete horas, e voltei às oito. E quinta, estava tão chato sem você. De você não me esqueci e nem hei de esquecer.”

As cartas são marcadas por uma delicadeza que parece ter se perdido com o tempo, revelando o zelo e a profundidade de um amor construído com dedicação, paciência e respeito mútuo.

Companheirismo até o fim

Durante a vida, o casal construiu uma família e criou raízes em Votuporanga, onde eram conhecidos e admirados pela comunidade. Foram décadas de convivência, sempre juntos. Os familiares destacam o companheirismo incondicional de ambos.

“O dia 17 de abril foi doloroso, mas também simbólico. Eles sempre diziam que não conseguiriam viver um sem o outro”, conta o genro.

Odileta faleceu primeiro. Cerca de 10 horas depois, foi a vez de Paschoal. Para a família, não há dúvidas: ele partiu por não suportar a ausência da esposa.

“Não foi coincidência. Foi amor mesmo. Um amor que levou um, e logo levou o outro. A gente sente dor, mas também sente orgulho por testemunhar um amor assim”, disse Luciano.

Legado de amor

A história de Odileta e Paschoal é mais do que uma lembrança familiar. É um legado que inspira e emociona, em tempos onde relacionamentos muitas vezes se dissolvem com facilidade.

Em Votuporanga, os dois foram sepultados lado a lado, como viveram durante toda a vida. As cartas, agora cuidadosamente guardadas pelos familiares, são a prova tangível de um amor que, mesmo diante da morte, não se desfez.

“É como se um esperasse o outro para partirem juntos. Isso é raro. É sagrado. É eterno”, finalizou o genro.

Do Ver-o-Fato, com informações do G1

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