Os comentários do Papa Leão sobre Trump enquanto ele é empossado como o 267º papa

Os comentários do Papa Leão sobre Trump enquanto ele é empossado como o 267º papa

No dia 18 de maio, o Vaticano viveu um momento histórico: a cerimônia de posse do primeiro papa nascido nos Estados Unidos. O cardeal Robert Francis Prevost, natural de Chicago, assumiu oficialmente o título de Papa Leão XIV, tornando-se o 267º líder da Igreja Católica. Sua escolha marca uma virada simbólica para uma instituição com mais de dois milênios de tradição, agora guiada por um pontífice que carrega consigo experiências e perspectivas profundamente ligadas ao contexto americano.

A trajetória de Prevost até o trono de São Pedro começou a ganhar destaque em 8 de maio, quando foi anunciado como sucessor do Papa Francisco, que faleceu em abril aos 88 anos. Aos 69 anos, Leão XIV já demonstrou que seguirá os passos do antecessor ao manter um discurso politicamente engajado, tanto em questões globais quanto em temas domésticos dos Estados Unidos.

Sua primeira aparição pública, durante a bênção dominical de 11 de maio, deixou claro seu posicionamento. Do alto da Basílica de São Pedro, ele conclamou: “Nunca mais guerra”, defendendo uma paz duradoura na Ucrânia, um cessar-fogo imediato em Gaza — com a libertação de reféns e ajuda humanitária —, além de celebrar o acordo de paz recente entre Índia e Paquistão.

Papa Leão foi vocal no Twitter sobre o governo Trump, tanto no primeiro quanto no segundo mandato do presidente.
Papa Leão foi vocal no Twitter sobre o governo Trump, tanto no primeiro quanto no segundo mandato do presidente.

Enquanto suas palavras ecoavam para milhares de fiéis na Praça São Pedro, observadores políticos já antecipavam que seu papado não se limitaria a gestos simbólicos. Antes mesmo de ser eleito, Leão XIV (então cardeal) havia construído uma reputação de voz crítica contra políticas migratórias e medidas consideradas contrárias aos valores cristãos. Suas opiniões, frequentemente expressas nas redes sociais, revelam um histórico de desacordos com figuras como o presidente Donald Trump, que recentemente iniciou seu segundo mandato.

Um dos momentos mais marcantes ocorreu em 2018, quando o então cardeal compartilhou uma publicação do arcebispo de Chicago, Blase Cupich, criticando a separação de famílias migrantes na fronteira dos EUA. “Não há nada de cristão, americano ou moralmente defensável em uma política que arranca crianças dos pais e as prende em gaiolas”, dizia o texto. A mensagem, replicada por Prevost, gerou debates acalorados, especialmente entre grupos religiosos conservadores.

Papa Leão foi vocal no Twitter sobre o governo Trump, tanto no primeiro quanto no segundo mandato do presidente.
Papa Leão foi vocal no Twitter sobre o governo Trump, tanto no primeiro quanto no segundo mandato do presidente.

Anos antes, em 2015, ele já havia demonstrado preocupação com retóricas anti-imigrantes. Ao divulgar um artigo do arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, intitulado “Por que o discurso anti-imigrante de Donald Trump é tão problemático”, Prevost sinalizava sua posição contrária às propostas de Trump, que na época concorria à presidência pela primeira vez.

A postura se manteve consistente ao longo dos anos. Em 2017, por exemplo, ele retuitou uma crítica às deportações em massa promovidas pelo governo, citando um caso específico de um salvadorenho residente nos EUA. “Vocês não veem o sofrimento? Sua consciência não se perturba?”, questionava a mensagem.

A questão dos refugiados também mobilizou o agora papa. Naquele mesmo ano, ele compartilhou uma imagem chocante de uma criança síria ferida, publicada pelo padre jesuíta James Martin, acompanhada da legenda: “Banir refugiados sírios? Homens, mulheres e crianças que mais precisam de ajuda? Que nação imoral estamos nos tornando.” A indignação de Leão XIV refletia não apenas uma postura humanitária, mas também teológica, reforçando o dever cristão de acolher os mais vulneráveis.

As críticas se estenderam até 2024, quando o pontífice respondeu às declarações de JD Vance, vice-presidente de Trump. Vance havia defendido uma hierarquia de prioridades no amor ao próximo, colocando familiares e concidadãos à frente de estrangeiros. Leão XIV replicou um artigo do National Catholic Reporter intitulado “JD Vance está errado: Jesus não nos pede para classificar nosso amor pelos outros”, reafirmando a visão de que a compaixão não deve ter fronteiras.

A eleição de um papa americano, porém, não passou despercebida por Trump. Em sua rede social Truth Social, o presidente parabenizou Prevost, destacando o “grande orgulho para nosso país” e expressando desejo de um encontro futuro. Em entrevista a Sean Hannity, da Fox News, questionado sobre as divergências com o novo pontífice, Trump respondeu de forma breve: “Claro, conversaria sobre isso. Ele foi uma escolha surpresa.”

Enquanto o Vaticano se adapta a essa nova era, a figura de Leão XIV representa mais do que uma novidade histórica. Suas posições sugerem um papado disposto a confrontar temas espinhosos, desde conflitos internacionais até divisões políticas internas nos EUA. Seu desafio será equilibrar a tradição católica com uma postura progressista em questões sociais, mantendo a unidade de uma igreja global em tempos de polarização. Com cerimônias de posse concluídas, os olhos do mundo agora se voltam para as próximas ações do primeiro papa americano — um líder cujas palavras já provaram ser tão influentes quanto controversas.

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