
José Antônio Lourenço foi baleado durante cumprimento de mandados na comunidade na Zona Oeste. Laudos da Cedae indicaram a presença de coliformes fecais em amostras do produto vendido para quiosques da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes. Operação em que policial foi morto tinha como alvo fábrica de gelo adulterado na Cidade de Deus
O policial civil José Antônio Lourenço, morto na manhã desta segunda-feira (19), participava da Operação Gelo Podre, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a tropa de elite da instituição, na Cidade de Deus, na Zona Oeste, quando foi baleado por criminosos da região.
A ação era um desdobramento de uma operação de fevereiro, quando a Cedae identificou a presença de coliformes fecais em amostras de gelo distribuído por empresas da região. O consumo do produto oferece riscos graves à saúde, como infecções intestinais.
A equipe da qual Lourenço fazia parte dava apoio às delegacias do Consumidor e do Meio Ambiente no cumprimento de mandados de busca na Cidade de Deus, quando houve um intenso confronto.
Ex-subsecretário de Ordem Pública do Rio de Janeiro, o policial foi socorrido e levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge. Ele foi submetido a um procedimento cirúrgico, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo dele será sepultado nesta terça (20) às 15h no Cemitério Jardim da Saudade Sulacap.
O policial civil José Antônio Lourenço
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Lourenço também era o diretor jurídico do Sindicato dos Policiais Civis e fundou a Evolugis, uma consultoria de “gestão e liderança empresarial”.
Gelo contaminado
A Polícia Civil do Rio de Janeiro interditou nesta segunda-feira uma fábrica de gelo na Cidade de Deus, na Zona Oeste, durante operação que investiga crimes ambientais e contra a saúde pública.
No local, agentes encontraram embalagens jogadas no chão, recipientes sujos e falta de licença ambiental. O gelo produzido no local abastecia quiosques da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes, segundo o governo estadual. Duas pessoas foram levadas para prestar esclarecimentos.
Além da fábrica na Cidade de Deus, outra unidade em Jacarepaguá foi alvo da operação.
Fábrica de gelo é alvo de operação
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As embalagens apreendidas indicavam que o gelo era “próprio para consumo humano”, mas a Cedae, com um laboratório móvel, coletou novas amostras para análise – resultados ainda não foram divulgados.
De acordo com as investigações, parte das empresas usava água de poços sem licença ambiental e sem tratamento adequado, além de comercializar água engarrafada clandestinamente, com rótulos falsos de marcas conhecidas.
A Secretaria de Polícia Civil aponta que 70% das fábricas de gelo vistoriadas em 2024 tinham irregularidades, como excesso de amônia e condições precárias de higiene.
Conexão com crime
Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, algumas empresas se instalavam em comunidades controladas por facções criminosas para fugir de fiscalizações.
Os responsáveis podem responder por crimes contra a saúde pública e relações de consumo, com penas de até oito anos de prisão. A operação foi conduzida pela Delegacia de Defesa do Consumidor (DECON) e a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA).