
Após ser liberada pela maternidade, Glaciele seguiu para um hotel em Santos e conduziu sozinha o nascimento do filho Miguel enquanto o marido buscava ajuda. Mulher dá à luz dentro de quarto de hotel em Santos, SP
Glaciele Aparecida Souza Pupo e Divulgação/Ibis Santos Gonzaga Praia
Dentro do quarto de um hotel, Glaciele Aparecida Souza Pupo viveu uma experiência rara e intensa. Ao lado do marido, Ednelson Alencar Pupo, de 36 anos, ela deu à luz ao pequeno Miguel, de forma natural, no box do banheiro do quarto do hotel onde estavam hospedados em Santos, no litoral de São Paulo.
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O casal vive no bairro Maracanã, em Praia Grande, na cidade vizinha. Glaciele é professora da rede municipal de ensino de Cubatão e já estava com 39 semanas de gestação. Ela acordou com contrações leves, na sexta-feira(16), mas não acreditava que estava na hora do parto e foi trabalhar.
No entanto, ao longo do dia, as contrações se intensificaram e, na parte da tarde, ela ligou para o marido, pedindo que a buscasse para irem à Maternidade do Hospital São Lucas, em Santos.
Ao chegar ao hospital, Glaciele foi avaliada pelas médicas de plantão. O exame de toque apontou três centímetros de dilatação — ainda considerado estágio inicial do trabalho de parto. Ela também passou por um exame de cardiotocografia, que mostrou que o bebê estava com batimentos normais e boa vitalidade.
A equipe liberou a professora para ir para casa, considerando que o parto ainda levaria várias horas para evoluir. Glaciele, no entanto, questionou: “Mas eu moro na Praia Grande, é longe. E é sexta-feira à noite, o trânsito vai ficar congestionado”, conta ela.
Diante da recomendação médica e do receio do deslocamento, o casal decidiu se hospedar no Ibis Hotel, localizado na Avenida Vicente de Carvalho, no Gonzaga. “Foi uma decisão estratégica e, no fim, essencial. Eu pensei: ‘se eu for pra casa, posso não chegar a tempo’. Então, fomos para o hotel só para esperar o outro dia”, lembrou.
Mulher dá à luz a bebê dentro de banheiro de quarto do Ibis Hotel, em Santos
Glaciele Aparecida Souza Pupo
Nascimento de Miguel
Eles chegaram ao hotel por volta das 19h40. Já no quarto, Glaciele sentia as dores se intensificando e decidiu tomar um banho quente para aliviar as contrações, acreditando que ainda tinha horas pela frente. Porém, por volta das 21h, uma sensação a fez perceber que o bebê estava prestes a nascer.
“Eu senti uma vontade muito forte de ir ao banheiro. Quando coloquei a mão entre as pernas, senti a cabeça do bebê vindo. Me posicionei instintivamente em posição de cócoras. Falei para o meu marido ligar para os bombeiros, porque eu sabia que era a hora”, relatou.
Enquanto Ednelson corria para buscar ajuda e falava com os serviços de emergência, Glaciele conduziu o parto. “Fiz força, esperei mais uma contração, e o corpinho veio. Eu mesma recebi meu filho”.
Quando as equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Corpo de Bombeiros chegaram no quarto, eles ficaram surpresos ao encontrar o bebê já no colo da mãe. “O socorrista até perguntou se eu queria cortar o cordão. Eu disse que sim, e fui eu quem cortei o cordão umbilical”, disse Ednelson.
O pai de Miguel diz que o momento foi emocionante. “Era uma coisa que eu queria fazer desde o nascimento da minha primeira filha, mas na euforia acabamos esquecendo. Foi emocionante, foi a parte em que eu já estava mais calmo, porque já tinha gente próxima para ajudar. O bebê estava bem e ela também”.
Ela conta que, mesmo sem nenhuma assistência profissional naquele momento, confiou em seus instintos. “Eu me posicionei, segurei a cabeça do meu filho, e fiz a força quando senti que era a hora. Nem sei explicar como tive essa sabedoria. Só agi.”
Casal já recebeu alta médica no último domingo (18) e voltaram para casa
Glaciele Aparecida Souza Pupo
No hospital
Em seguida, Glaciele foi levada de ambulância ao Hospital São Lucas, em Santos. “Quando cheguei lá, todo mundo estava em choque. Eu tinha saído grávida e voltei com um recém-nascido nos braços. A médica do plantão disse que, por eu já ter tido um parto anterior, meu corpo respondeu muito rápido”.
Os médicos disseram à Glaciele que o parto evoluiu de forma rápida e que isso ocorre especialmente em mulheres que já tiveram outros filhos. “Normalmente, a dilatação evolui cerca de um centímetro por hora. Em mim, foram sete centímetros em menos de duas horas”, disse a professora.
Médicos disseram que ela passou por um fenômeno onde o parto evolui de forma rápida
Glaciele Aparecida Souza Pupo
Mãe de dois
Com a chegada de Miguel, Glaciele se tornou mãe pela segunda vez. Ela também é mãe de Cecília, de dois anos. O menino nasceu com 39 semanas e saudável.
“Foi um momento indescritível. Eu tremia muito. Mas, me senti a mulher mais forte do mundo. Era só eu, meu corpo e meu filho. Nunca imaginei que teria essa experiência, mas hoje vejo como fui guiada, como tudo aconteceu da forma que precisava acontecer”
O pai descreve a mistura de emoções o que sentiu naquele momento. “Foi uma loucura, um misto de desespero, medo de errar, medo de acontecer o pior, de morte. Mas, aos poucos, a gente encontrou força para não surtar e conseguir controlar a situação.”
O quarto do hotel ficou para trás, com pertences espalhados no meio da correria. O casal recebeu alta médica no último domingo (18) e voltou para casa. “Meu marido voltou lá [no hotel] depois para buscar minhas coisas. Disse que parecia que tinha passado um furacão. Mas o importante é que deu tudo certo”, relembrou.
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