Presidente destaca políticas habitacionais enquanto enfrenta resistência em evento nacional
Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido com vaias durante a abertura da XXVI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, mais conhecida como Marcha dos Prefeitos, um evento que reuniu, nesta terça-feira (20), três dias de discussões de temas municipalistas, com a presença de líderes municipais de todo o país. Apesar das manifestações contrárias, Lula destacou a importância de políticas habitacionais inclusivas, prometendo apoio federal independente de filiações partidárias, e anunciando o lançamento de programas sociais.
A Marcha dos Prefeitos é um evento anual que visa discutir as demandas dos municípios brasileiros com o governo federal. Como no ano passado, Lula foi novamente vaiado, mas, nesta terça-feira (20), foram em três ocasiões. A primeira vez quando teve o nome anunciado. O petista também foi aplaudido, mas o som dos aplausos não encobriu as vaias.
Parte do público voltou a vaiar o presidente quando ele foi chamado para discursar. Lula aguardou o fim das manifestações para começar a falar. As vaias voltaram quando o petista encerrou o discurso.
Este ano, além de Lula, estavam presentes no palco, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), os presidentes Davi Alcolumbre (União-AP), do Senado, e Hugo Motta (Republicanos-PB), da Câmara, e 25 ministros de Estado.
Lula fez de conta que as vaias não eram para ele, iniciando sua fala buscando reforçar seu compromisso com políticas públicas que beneficiem todas as cidades, independentemente de suas preferências políticas.
Durante o evento, Lula enfatizou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a construção de casas populares como prioridades de seu governo. Ele afirmou que o programa “PAC Seleções” garantirá moradias para famílias de baixa renda, sem discriminação partidária.
Antes, o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, expressou preocupações sobre as despesas crescentes dos municípios e criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de exigir mais transparência na liberação de emendas. Ziulkoski alertou: “Abra o olho. Vamos votar pautas estruturantes”, se dirigindo ao presidente da República, em alusão às dificuldades que a paralisação dos pagamentos de emendas pode gerar.
Lula, por sua vez, ironizou o discurso de Ziulkoski, sugerindo que sua postura era diferente durante a gestão anterior.
Sinal de alerta
Apesar das aparências, as vais de grande parte das 12 mil pessoas presentes num recinto alugado pela CNM para a realização do evento, expõe a péssima relação do governo federal com uma das entidades mais representativas do municipalismo nacional.
Não é só com os prefeitos que a relação do governo federal está desgastada, o agronegócio se mantém distante da administração petista.
O evento destacou a tensão entre o governo federal e os municípios, especialmente em relação à transparência e alocação de recursos. As promessas de Lula sobre habitação podem influenciar positivamente as políticas municipais, mas a resistência política sugere desafios contínuos. A polarização dos extremos da política continuam intactos desde o resultado das eleições de 2022.
Ao fim da cerimônia de abertura da Marcha, o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, anunciou que o governo abrirá as inscrições para que os municípios recebam 130 mil novas unidades da Faixa 1 (destinada a famílias com rendas de até R$ 2.850) do programa Minha Casa, Minha Vida. Lula citou também um novo programa da pasta, exclusivamente para reformas de imóveis que as famílias enquadradas na mesma faixa já possuem. “Para o cidadão fazer uma banheiro, uma garagem, um quarto para o filho”, explicou.
A marcha tem o objetivo de levar para o governo federal e para o Congresso as demandas dos municípios do país. Além de prefeitos, secretários e vereadores também estão na capital federal.
O encontro em Brasília serviu como um microcosmo das complexas relações políticas no Brasil. Enquanto Lula busca implementar políticas inclusivas, a resistência encontrada sugere que o caminho para a cooperação entre diferentes esferas de governo ainda é desafiador. O sucesso dessas iniciativas dependerá da capacidade de diálogo e negociação entre todas as partes envolvidas.
* Reportagem: Val-André Mutran é repórter especial para o Portal Ver-o-Fato e está sediado em Brasília.
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