Uma pesquisa revelou um conflito cósmico em que uma galáxia está perfurando outra com radiação intensa. O artigo, publicado nesta quarta-feira (21), na Nature, demonstra que os ataques radioativos estão diminuindo a capacidade da galáxia comum (a vítima) de formar estrelas.
A equipe de pesquisa utilizou os telescópios European Southern Observatory’s Very Large Telescope (ESO’s VLT) e o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) para observar o fenômeno.
Os astrônomos registraram duas galáxias em rota de colisão a 500 km/s. Uma delas está usando um quasar para atacar a oponente com uma “lança de radiação”, como definiu o Observatório Europeu do Sul (ESO). “Por isso, chamamos esse sistema de ‘justa cósmica’”, disse o pesquisador Pasquier Noterdaeme, fazendo uma comparação com o esporte medieval, em um comunicado.

Galáxia atacante fica mais forte
Quasares são núcleos luminosos de algumas galáxias distantes alimentados por buracos negros supermassivos, que emitem abundância de radiação. Essa estrutura galáctica era comum nos primeiros bilhões de anos do Universo. Os pesquisadores disseram que a luz do fenômeno levou 11 bilhões de anos para chegar à Terra, estando no passado da história cósmica.
O estudo indica que a radiação liberada pelo quasar rompe as nuvens de gás e poeira da galáxia comum, as transformando em regiões menores e mais densas. Essas formações reduzidas são pequenas demais para formar estrelas, o que diminuiu os berçários estelares da galáxia ferida, reduzindo sua capacidade de gerar novos astros.
“Aqui vemos pela primeira vez o efeito da radiação de um quasar diretamente na estrutura interna do gás em uma galáxia regular”, explicou o colíder do estudo Sergei Balashev.
Além de desferir golpes, a atacante galática está se alimentando. “Acredita-se que essas fusões levem enormes quantidades de gás para buracos negros supermassivos que residem nos centros das galáxias”, disse Balashev. Os pesquisadores revelaram que novas reservas de combustível estão sendo trazidas ao alcance do buraco negro que alimenta o quasar, mantendo os ataques devastadores.

Leia mais:
- Objeto inusitado está emitindo radiação poderosa no espaço profundo
- Quasares supermassivos que crescem sem engolir matéria intrigam cientistas
- Quasar do início do Universo está soprando vento assassino de galáxias
Telescópios de ponta foram essenciais
Foi com o telescópio ALMA que os pesquisadores conseguiram distinguir os dois corpos galácticos, que estavam tão próximos ao ponto de parecerem um só objeto em observações anteriores. Com o ESO VLT, o grupo pôde estudar os efeitos do quasar e o funcionamentos dos ataques à galáxia comum.
Para o futuro, os astrônomos esperam a construção do ESO’s Extremely Large Telescope (ELT). Esse instrumento será capaz de observar o Universo com mais detalhes que o Hubble, sendo a nova tecnologia da ESO para o futuro da observação espacial.
“Ele certamente nos permitirá levar adiante um estudo mais profundo deste e de outros sistemas, para entender melhor a evolução dos quasares e seus efeitos nas galáxias hospedeiras e próximas”, concluiu Noterdaeme.
O post Galáxia “atacando” rival é registrada no espaço profundo apareceu primeiro em Olhar Digital.