Um sargento da Polícia Militar apontado como autor dos disparos que resultaram nas mortes do personal trainer Alberto Wilson dos Santos Quintela, de 32 anos, e do agente do Batalhão de Rondas Ostensivas Táticas (Rotam), Rodrigo Alves Ferreira, de 35 anos, prestou depoimento ontem na Delegacia de Polícia Civil do bairro São Brás, em Belém. Se essa versão for confirmada, o caso é uma reviravolta, porque até então a suspeita é de que o PM que abordou o personal teria atirado nele e depois sido morto pelo sargento.
Acompanhado de seu advogado, o policial militar se apresentou espontaneamente e foi liberado após ser ouvido, conforme informou a Polícia Civil, que mantém o caso sob sigilo, sem divulgar detalhes.
O crime, ocorrido na última segunda-feira (19), na frente de uma academia de ginástica no bairro da Sacramente, chocou a capital paraense e ganhou contornos complexos após a análise de imagens de câmeras de segurança instaladas em frente à academia onde Alberto trabalhava. As gravações mostram o momento em que o personal trainer é abordado de forma agressiva dentro de seu próprio carro por um agente da Rotam, identificado como Rodrigo Alves Ferreira.
Na sequência, um segundo homem, também policial militar, efetua diversos disparos, resultando na morte de ambos.
Inicialmente, a narrativa sugeria que o agente da Rotam teria atirado contra Alberto e, em seguida, sido morto por outro suspeito. No entanto, as imagens revelaram uma reviravolta: o autor dos disparos seria um terceiro policial militar, que estava no local aguardando sua esposa, funcionária de serviços gerais da academia.
Segundo informações preliminares, ele teria percebido a movimentação, notado que o agente da Rotam, que chegou ao local de motocicleta, sacou uma arma e, em reação, disparou contra o personal trainer e o motociclista.
A tragédia deixou marcas profundas. A viúva de Alberto, grávida de oito meses, enfrenta a perda do marido em um momento delicado. O caso, classificado como homicídio doloso, está sob investigação da Divisão de Homicídios da Polícia Civil de Belém, que busca esclarecer os motivos por trás da ação.
O que pode ter ocorrido?
Com base nas informações disponíveis, o caso levanta hipóteses preocupantes sobre a motivação do crime. A abordagem agressiva do agente da Rotam ao personal trainer sugere um possível conflito prévio, talvez de natureza pessoal, que pode ter escalado para a violência. A presença do terceiro policial, marido de uma funcionária da academia, e sua reação imediata ao sacar a arma indicam que ele pode ter interpretado a situação como uma ameaça iminente, seja à sua esposa, ao ambiente da academia ou a si próprio.
A rapidez com que os eventos se desenrolaram, capturada pelas câmeras, aponta para uma sucessão de decisões impulsivas, possivelmente alimentadas por tensões não esclarecidas.
A liberação do sargento após o depoimento pode indicar que as autoridades ainda estão coletando provas ou que sua versão dos fatos apresentou elementos que, por ora, não justificaram uma prisão imediata. No entanto, o sigilo imposto ao caso sugere que a Polícia Civil está cautelosa, possivelmente investigando se há conexões mais profundas entre os envolvidos, como rivalidades, questões pessoais ou até mesmo desavenças profissionais dentro da corporação.
A morte de dois homens, sendo um civil e um policial, e o envolvimento de outro PM no caso expõem a gravidade da situação e levantam questionamentos sobre o uso de armas de fogo por agentes de segurança em contextos fora de serviço.
A investigação, agora conduzida pela Divisão de Homicídios, será crucial para esclarecer se o crime foi motivado por um conflito isolado ou se há fatores mais complexos, como disputas internas ou questões extraprofissionais, que culminaram na tragédia.
A sociedade de Belém aguarda respostas, enquanto a viúva de Alberto, à espera de seu filho, enfrenta o luto e a incerteza. O desfecho do inquérito pode trazer luz a um caso que, por enquanto, deixa mais perguntas do que respostas.
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