Fezes de pinguins ajudam a esfriar o clima na Antártica

PinguinsReprodução

Um estudo recente trouxe uma descoberta curiosa: os excrementos de pinguins podem ter um papel inesperado na luta contra o aquecimento da Antártica.

A pesquisa, publicada no periódico Communications Earth & Environment, mostra que o guano, como são chamadas as fezes de aves marinhas, libera compostos, como o amoníaco, que favorecem a formação de nuvens.

Essas nuvens, por sua vez, atuam como uma espécie de manta térmica, ajudando a reduzir a temperatura da superfície e influenciando a extensão do gelo marinho.

A Antártica vem sendo fortemente impactada pelas mudanças climáticas. Segundo o programa europeu Copernicus, em fevereiro, a cobertura de gelo no oceano ao sul do continente estava mais de 25% abaixo da média histórica.

O fenômeno ameaça diversas espécies, como os pinguins-imperadores, que vêm sofrendo com o colapso de colônias inteiras por falta de gelo para reprodução.

A nova pesquisa lança luz sobre um aspecto até então pouco explorado: o papel que os próprios pinguins desempenham no clima local. O guano, além de conhecido fertilizante natural rico em fósforo, também libera amoníaco, um gás incolor de cheiro forte.

Medindo a concentração de amoníaco nas proximidades da base argentina Marambio, na Antártica, os cientistas perceberam que, quando os ventos vinham da direção de uma colônia com cerca de 60 mil pinguins-de-adélia, os níveis do composto aumentavam mais de mil vezes. Mesmo após a migração dos animais, os índices continuaram elevados.

Os pesquisadores também observaram que o amoníaco intensifica a formação de aerossóis, que nada mais é do que pequenas partículas no ar que funcionam como núcleos para a formação de nuvens. Horas depois do aumento dessas partículas, surgia neblina no local, o que reforça a ligação entre os excrementos e a cobertura de nuvens.

Apesar da descoberta promissora, os autores ressaltam que o efeito do guano sobre a temperatura ainda não foi quantificado. Eles sugerem que a ação dos pinguins pode ajudar a mitigar os impactos das mudanças climáticas em seu habitat, mas que eles ainda estão longe de conseguir reverter o aquecimento global através desta ação.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.