Se a humanidade conseguir colonizar Marte, estaremos diante de um dos maiores desafios da história: viver em um planeta totalmente diferente da Terra. Com menos gravidade, ar rarefeito e radiação intensa, nosso vizinho pode exigir mudanças profundas no corpo humano ao longo do tempo. E o possível desenvolvimento de uma nova espécie humana no Planeta Vermelho é o tema do Programa Olhar Espacial desta semana.
A ideia de viver em Marte parece estar cada vez mais próxima, levantando questões que vão além da tecnologia, como, por exemplo: será que, com o tempo, os humanos se tornariam algo diferente do que somos hoje?
A gravidade de Marte equivale a apenas um terço da terrestre. A atmosfera é fina e composta quase totalmente por dióxido de carbono. O planeta também não tem campo magnético para nos proteger da radiação cósmica e solar. Ou seja, Marte é um ambiente hostil para os nossos corpos.
Mesmo com roupas espaciais e abrigos seguros, viver ali seria um desafio constante. Mas alguns cientistas acreditam que poderíamos nos adaptar – e evoluir. Um dos nomes que defende essa ideia é Scott Solomon, professor de biociência na Universidade Rice, nos EUA.
Conforme noticiado no Olhar Digital, Solomon acredita que viver por gerações em Marte pode nos levar a uma nova etapa evolutiva. Segundo ele, os humanos marcianos poderiam mudar tanto que deixariam de ser Homo sapiens, dando origem a uma nova espécie: o Homo martianus.

Um dos principais motores dessa transformação seria a radiação. Na Terra, ela é bloqueada pela atmosfera e pelo campo magnético. Já em Marte, a exposição constante pode causar mutações genéticas, o que poderia acelerar a evolução.
As mutações no DNA nem sempre são negativas. Muitas vezes, elas permitem que uma espécie se adapte melhor ao ambiente. Em Marte, a taxa de mutação seria maior, o que aumentaria a diversidade genética entre os colonos.
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Os humanos em Marte serão verdes?
Outra possível mudança seria na pele. A melanina, pigmento natural que protege contra radiação, poderia ter um papel importante. Pessoas com mais eumelanina (tipo específico de melanina que deixa a pele mais escura), talvez fossem naturalmente mais resistentes em Marte.
Com o tempo, a seleção natural poderia favorecer esses traços ou até gerar pigmentos novos, diferentes dos que conhecemos na Terra. Assim, as antigas ideias sobre “homenzinhos verdes” podem ganhar um novo sentido, agora com base na ciência.
Essas mudanças seriam gradativas, mas, num ambiente tão extremo, o processo evolutivo pode ocorrer mais rápido do que esperamos. Além da biologia, isso traz perguntas éticas, sociais e filosóficas. E se os humanos nascidos em Marte não conseguirem mais viver na Terra? E se se tornarem tão diferentes que formem um novo grupo humano? O que isso significaria para nossa identidade como espécie?
Para debater esse tema instigante, o Olhar Espacial desta sexta-feira (23)recebe Mírian Forancelli Pacheco. Bacharel em ciências biológicas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), ela é mestre em Arqueologia, doutora em Geociências e pós-doutora em Física Nuclear pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da Universidade de São Carlos (UFSCAR) em Sococaba desde 2013 e Chefe do Laboratório de Paleobiologia e Astrobiologia na mesma instituição, Mírian atua nas áreas de Fossildiagênese, Tafonomia Experimental, Paleometria e Astrobiologia.

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Como assistir ao Programa Olhar Espacial
Apresentado por Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia – APA; membro da SAB – Sociedade Astronômica Brasileira; diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros – BRAMON e coordenador nacional do Asteroid Day Brasil, o programa é transmitido ao vivo, todas às sextas-feiras, às 21h (horário de Brasília), pelos canais oficiais do veículo no YouTube, Facebook, Instagram, X (antigo Twitter), LinkedIn e TikTok.
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