Lobo-terrível: empresa admite que animal não foi “ressuscitado”

No começo de abril, a Colossal Biosciences anunciou que havia conseguido trazer de volta à vida o lobo-terrível, espécie extinta há 10 mil anos. A revelação foi recebida com ceticismo pela comunidade científica, e agora a cientista-chefe da empresa, Beth Shapiro, admitiu que o animal gerado é, na verdade, um lobo-cinzento com modificações genéticas.

De acordo com Shapiro, em entrevista à New Scientist, é impossível reviver um animal extinto de forma idêntica à original. Dessa forma, o animal anunciado como lobo-terrível é um lobo-cinzento com cerca de 20 alterações genéticas.

Não é possível trazer de volta algo idêntico a uma espécie que já existiu. […] É transformador e uma ciência inovadora — só não é desextinção. Nossos animais são lobos-cinzentos com 20 alterações genéticas clonadas. Dissemos isso desde o começo.

Beth Shapiro

“Desextinção” do lobo-terrível foi anunciada pela empresa

Essa declaração representa uma mudança no discurso da Colossal, já que, em abril, a empresa afirmou ter “restaurado” a espécie por meio da “ciência da desextinção”. Em um comunicado, o feito foi descrito como o retorno do lobo-terrível ao ecossistema milênios após seu desaparecimento.

Shapiro defendeu a empresa, alegando que o uso do termo “lobo-terrível” foi “coloquial”. “Dissemos isso desde o início. Chamaram os animais de ‘lobos terríveis’ de forma coloquial, e isso irritou as pessoas”, completou.

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Até poucos dias atrás, a própria Colossal ainda se referia aos animais dessa maneira. “Mantemos nossa decisão de nos referirmos a Romulus, Remus e Khaleesi, de forma coloquial, como lobos terríveis”, escreveu a empresa em uma publicação no X (antigo Twitter).

A companhia já havia explicado que os animais eram resultado de um complexo processo de edição genética, no qual 20 genes de lobos-cinzentos foram modificados para incorporar características dos lobos-terríveis. No entanto, sustentava, até então, que isso os tornava uma versão recriada da espécie extinta.

lobo-terrível
Empresa afirma ter restaurado lobo de 12 mil anos pela primeira vez por meio da “ciência da desextinção”. Crédito: Colossal Biosciences

Ação gerou críticas

Em entrevista à New Scientist, Richard Grenyer, pesquisador da Universidade de Oxford, comentou as declarações de Shapiro. “Acredito que há uma séria inconsistência entre o conteúdo da declaração e as ações e o material publicitário — incluindo o conteúdo padrão do site, não apenas o press release sobre o lobo-terrível — da empresa”, disse.

Leio isso como uma declaração clara do que eles fizeram e não fizeram — e o que eles não fizeram foi trazer de volta um lobo-terrível da extinção

Richard Grenyer

Quem foi o lobo-terrível?

O lobo-terrível foi uma espécie de lobo pré-histórico que viveu durante o Pleistoceno, principalmente na América do Norte. Evidências fósseis sugerem que ele foi extinto há cerca de 9.500 a 13.000 anos, durante o evento de extinção do Quaternário, que também afetou outros grandes mamíferos, como mamutes e tigres-dentes-de-sabre.

Filhotes criados em laboratório pela Colossal Biosciences, que se refere a eles como a “ressuscitação” do lobo-terrível. Crédito: Colossal Biosciences

Os filhotes recriados vivem em uma instalação de 2.000 acres no norte dos Estados Unidos.

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