Pesquisadores acreditam que decifrar a linguagem dos golfinhos pode ajudar a entender melhor como nos comunicar com possíveis extraterrestres. Isso porque esses animais marinhos, além de inteligentes, têm sistemas de comunicação complexos, parecidos com o que poderíamos esperar de seres de outros planetas.
Um prêmio de US$100 mil (cerca de R$573 mil) foi entregue a uma equipe liderada por Laela Sayigh, da Instituição Oceanográfica Woods Hole, nos EUA, que venceu o primeiro “Coller Dolittle Challenge“. Essa competição vai acontecer todos os anos com o objetivo de avançar na comunicação entre espécies diferentes. O foco da pesquisa atual está nos golfinhos-nariz-de-garrafa que vivem na costa da Flórida.
O grupo analisou assobios chamados de “sem assinatura”, que são diferentes dos assobios de identidade, semelhantes a nomes. Eles representam cerca de metade dos sons produzidos pelos golfinhos observados. Para captar esses sons, os cientistas usaram microfones de sucção presos aos animais de forma segura e não invasiva, além de etiquetas digitais que registram sons.

A descoberta mais importante foi que alguns desses assobios parecem funcionar como palavras com significado, compartilhadas entre vários golfinhos. Agora, a equipe quer usar Inteligência Artificial para tentar entender melhor esse “vocabulário” animal. Eles esperam que, com isso, consigam traduzir de forma mais precisa o que os golfinhos estão dizendo.
O que a língua dos golfinhos tem a ver com vida inteligente fora da Terra?
Mas como isso se conecta com a busca por vida fora da Terra? O foco do trabalho de Sayigh está nos golfinhos, mas outros pesquisadores acreditam que estudar esses animais pode dar pistas sobre como reconhecer sinais de inteligência extraterrestre. Um deles é Arik Kershenbaum, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, autor do livro “O Guia do Zoólogo para a Galáxia”.
Em um comunicado, Kershenbaum defende que, até recebermos uma mensagem do espaço, estudar a linguagem de animais como golfinhos e baleias é o mais perto que chegamos de entender como poderia funcionar uma comunicação alienígena. Ele escreveu sobre isso em um artigo para o Instituto SETI, que busca sinais de vida inteligente fora da Terra.

No artigo, Kershenbaum e outros cientistas sugerem criar um grande banco de dados com sons de diferentes espécies e torná-lo acessível para pesquisadores de áreas como biologia, matemática, linguística e astronomia. Eles também propõem o uso de ferramentas tecnológicas para analisar esses dados de forma integrada.
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Bill Diamond, presidente do Instituto SETI, destaca que as baleias jubarte também estão sendo estudadas por emitirem sons complexos que parecem carregar informações. Segundo ele, esses animais chegam a planejar ações e transmitir instruções entre si, o que vai além de sons simples ligados a sobrevivência.
Em entrevista ao site Space.com, Diamond disse que, se descobrirmos regras matemáticas universais na forma como informações são transmitidas, como acontece na física ou química, poderemos reconhecer mensagens inteligentes vindas de outros planetas. Para ele, entender a linguagem dos animais é um passo importante para identificar e, quem sabe, até traduzir um possível sinal extraterrestre.
A conexão entre a comunicação animal e a busca por vida fora da Terra está se fortalecendo. Golfinhos e baleias podem, sem saber, estar nos ajudando a dar o primeiro passo em direção a um possível diálogo com civilizações além do nosso planeta.
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