Abril deste ano foi o mais seguro dos últimos 15 anos no RS

Dados de abril de 2025 da segurança pública do RS são os melhores em 15 anosDivulgação/SSP RS

O mês de abril de 2025 teve os menores índices de criminalidade no Rio Grande do Sul em toda a série histórica, iniciada em 2010. O Secretário de Segurança Pública estadual, Sandro Caron de Moraes, concedeu entrevista ao Portal iG sobre as medidas implementadas que levaram aos dados.

Em comparação com o mesmo mês em 2024, houve uma redução de 67% nos crimes de latrocínio; queda de 33% nos homicídios dolosos; e diminuição de 20% nos crimes violentos letais intencionais. Os dados foram registrados entre 1º e 30 de abril e publicados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).

A única alta registrada foi nos crimes de feminicídios que, segundo o secretário, também estavam em queda no estado. Houve dez mortes de mulheres em apenas quatro dias no feriadão da Páscoa e Tiradentes, casos considerados atípicos pela pasta.

Feminicídios

Programa Patrulha Maria da Penha acompanha e protege mulheres vítimas de violência no RSDivulgação/SSP RS

Em entrevista ao iG, o secretário lamentou os dez casos de feminicídios que aconteceram no Rio Grande do Sul  no feriado prolongado. Nenhuma das vítimas tinham denúncias contra os agressores e, consequentemente, também não contavam com medidas protetivas.

“Para se ter uma ideia, em abril de 2024, registramos apenas um feminicídio, contra 11 em abril de 2025. Tivemos queda no número de feminicídio nos anos de 2023 e 2024, com a média mensal caindo de 9, em 2022, para 6 atualmente”, aponta Caron.

Segundo o secretário, o crime de feminicídio é um dos grandes desafios da segurança pública, seja no Rio Grande do Sul ou em qualquer outro lugar, visto que é um crime que ocorre “dentro do âmbito familiar, entre quatro paredes, sem nenhum conhecimento prévio”.

Medidas adotadas

A pasta anunciou que está acelerando uma série de medidas que já estavam sendo elaboradas para o combate a esse crime. No último dia 19, a SSP assinou, em conjunto com a Secretaria de Saúde do estado, um termo de cooperação para compartilhar informações de atendimentos a mulheres, crianças e adolescentes no sistema de saúde com indícios de violência. 

“A medida possibilita identificar casos que eventualmente não tenham sido notificados à Polícia Civil e à Brigada Militar, em que as vítimas procuram a rede de saúde por necessidade ou com medo de ir a uma unidade policial”, explica.

No dia 24 de abril, o Rio Grande do Sul lançou uma ferramenta online para registro de violência doméstica e solicitação de Medida Protetiva de Urgência (MPU), que antes só podia ser feita presencialmente. A mudança busca enfrentar o dado de que 90% dos feminicídios no estado não tinham registro prévio, afirma Caron ao iG.

Atualmente, a Polícia Civil conta com 23 Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAMs) e 91 Salas das Margaridas, espaços reservados para acolhimento das vítimas. A Patrulha Maria da Penha opera em 114 municípios, acompanhando mulheres que possuem MPU.

Combate ao feminicídio no RS em números:

  • Atualmente, são monitorados 353 agressores;
  • Até o final do ano passado, 435 vítimas já tinham sido atendidas pelo programa;
  • R$ 4,8 milhões foram destinados pelo governo para a aquisição de 2 mil kits de equipamentos.

Seis meses depois de usar a primeira tornozeleira eletrônica, o Rio Grande do Sul terminou 2023 com uma redução de 21,6% nos casos de feminicídio em relação a 2022. Em 2024, os casos caíram mais 15% em comparação com 2023. Também em 2024, todos os indicadores de feminicídio monitorados pela Polícia Civil tiveram queda. Já em 2025, 75 agressores que estavam sendo monitorados foram presos por descumprirem a medida protetiva.

Combate a outros crimes

segundo o secretário, a queda nos índices de criminalidade no Rio Grande do Sul é resultado de uma gestão baseada em dados e indicadores. Ele explica que há um trabalho intenso de inteligência, investigação e investimentos direcionados, aliado à realização constante de operações contra o crime e grupos criminosos. 

A estratégia envolve a integração de todas as forças policiais, com foco em enfraquecer financeiramente as organizações criminosas e prender suas lideranças. Somente nos últimos meses, milhões de reais foram apreendidos de traficantes, resultado de ações específicas contra o tráfico de drogas. 

“Na reestruturação da Polícia Civil, foi colocada uma delegacia só para ações contra traficantes, e também outra para lavagem de dinheiro”, conta.

Caron também destacou que, na análise dos dados, os números são sempre comparados com os mesmos períodos do ano anterior, e não com os meses anteriores do mesmo ano. Isso ocorre porque determinados períodos possuem características semelhantes, o que permite uma análise mais precisa e coerente dos resultados. A mesma lógica é aplicada para trimestres, quadrimestres, semestres e anos.

Com esse trabalho, o Rio Grande do Sul alcançou a terceira colocação no Ranking de Competitividade dos Estados de 2024, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP). O estado subiu duas posições em relação ao ano anterior, ficando entre os três melhores do país na área de segurança pública.

Dados do mês de abril em 15 anos registrado em 2025:

  • Homicídio Doloso (78 vítimas);
  • Crimes Violentos Letais Intencionais (111 vítimas);
  • Latrocínio (uma vítima);
  • Roubo a pedestre (982 ocorrências);
  • Roubo de veículo (165 ocorrências);
  • Abigeato (211 ocorrências);
  • Ocorrências bancárias (nenhuma);
  • Ocorrências comerciais (310);
  • Ocorrências de transporte coletivo e lotação (21).
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