
Mesmo pessoas aparentemente saudáveis podem sofrer uma parada cardíaca súbita durante a prática de exercícios físicos. Quem fez o alerta foi o médico especialista em primeiros socorros Paulo Guimarães, em entrevista concedida à Rádio Norte Brasília, nesta terça-feira (27). Ele chamou atenção para a importância dos exames de rotina e da preparação das academias para lidar com emergências.
Segundo o médico, mais de 50% dos casos de morte súbita não apresentam causas aparentes. “A gente faz todos os exames, o paciente é saudável, mas ainda assim pode sofrer uma parada cardíaca. Isso vale para quem pratica atividade física regularmente e tem uma alimentação adequada”, afirma.
Primeiros socorros salvam vidas
Nesses casos, a chance de sobrevivência depende de uma resposta rápida. “O início imediato das manobras de ressuscitação cardiopulmonar e o uso do desfibrilador externo automático aumentam em mais de 70% a chance de salvar uma vida, se feitos nos três primeiros minutos após a parada”, explica.
Apesar da gravidade, a legislação atual não obriga a maioria das academias a manterem um desfibrilador no local. Afinal, uma mudança na lei federal em 2016 limitou a exigência a espaços com mais de 1.500 pessoas, o que exclui grande parte desses estabelecimentos.

“Foi uma pegadinha no texto da lei”, critica Paulo. “Antes, qualquer local com grande circulação precisava ter o equipamento. Com a mudança, ficou fora da exigência justamente o ambiente onde vemos jovens sofrendo mal súbito.”
Conscientização e hábito
Para o médico, a conscientização ainda é baixa. Ele compara com o uso do cinto de segurança, que só virou hábito depois que foi determinado por lei. “Hoje, ninguém entra no carro sem colocar o cinto. Mas isso levou tempo e só aconteceu por causa da obrigatoriedade”, diz.
Paulo defende que todos os funcionários da academia, desde a coordenaçaõ até a equipe da limpeza, saibam prestar os primeiros socorros. “O que salva a vida de fato é o que é feito nos primeiros minutos. Cada minuto conta. Não adianta só esperar o SAMU ou os bombeiros.”
Outro ponto de atenção, de acordo com ele, é a forma como o público escolhe a academia. “Muitos se encantam com a toalhinha gelada, a água saborizada, os equipamentos de última geração. Mas não perguntam se o local tem um desfibrilador”, lamenta.
O médico orienta que qualquer sinal de mal-estar durante o exercício deve ser levado a sério. “O corpo dá sinais. Se você perceber que está indo além do limite, pare imediatamente. E, em caso de emergência, alguém precisa iniciar os primeiros socorros até a chegada do resgate.”
Para ele, exames de rotina e treinamento em primeiros socorros deveriam caminhar juntos. “Mesmo com os exames em dia, a parada cardíaca pode acontecer. Por isso, é fundamental que as pessoas saibam o que fazer até a chegada do socorro profissional. Isso é o que mantém o cérebro oxigenado e o sangue circulando”, finalizou.
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