Requalificação de diretores afastados pela Prefeitura de São Paulo começa em 2 de junho; Defensoria questiona critérios


Grupo de 25 profissionais foi afastado após alunos apresentarem resultados abaixo do esperado em indicadores de educação. Treinamento será gerido por ex-secretária de Curitiba. VÍDEO: alunos se comovem com afastamento de diretor de escola municipal de SP
A Prefeitura de São Paulo inicia na próxima segunda-feira (2) o curso de requalificação com 25 diretores de escolas afastados pelos resultados abaixo do esperado apresentados por seus alunos em indicadores nacionais e locais de educação (entenda os critérios aqui).
A informação foi confirmada ao g1 pela assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Educação. O curso terá como gestora Maria Silvia Bacila, atual secretária executiva pedagógica de São Paulo, e terá em seu cronograma:
Estudos de caso;
Análises de dados;
Estudos de referenciais;
Legislação;
Seminários;
Palestras;
Vivências nas unidades.
Segundo a pasta, os profissionais foram convocados para a requalificação em período integral e isso os impedirá de atuar nas unidades. A secretaria, então, enviará outros profissionais para atuar nas unidades neste período.
A direção dessas escolas ficará a cargo dos atuais números 2 da direção e não será diretamente feita por este reforço enviado pela secretaria.
“Nós não estamos colocando nenhuma culpa no diretor, em hipótese alguma. Nós estamos trazendo esse diretor para um processo formativo coletivo em que nós queremos caminhar junto com esses diretores para podermos, sim, superar resultados que são altamente desafiados para todos nós e não para eles, mas para todos nós”, afirmou Bacila ao g1.
A secretaria define a decisão de fazer a requalificação como uma “oportunidade “desenvolvimento profissional dos gestores” e rebate o uso do termo “afastamento” para tratar do tema.
“Os diretores foram convocados para um processo de desenvolvimento profissional, não há afastamento. Afastamento é uma outra coisa, nós não estamos trabalhando com essa perspectiva”, diz.
A secretária afirmou que os diretores serão “devolvidos” depois do processo de requalificação. No processo de devolução, haverá uma intervenção pedagógica qualificada, afirmou.
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Após prefeitura, governo de SP também afasta diretores de escolas que tiveram baixo desempenho no Saresp e Saeb
VÍDEO: alunos se emocionam com saída de diretor para requalificação da Prefeitura
Maria Silvia Bacila iniciou atuação na capital paulista em janeiro desse ano. Antes, ocupou o posto de secretária da Educação de Curitiba, no Paraná.
A profissional atuou na capital paranaense ao mesmo tempo em que Renato Feder comandava a educação no governo do Paraná. Feder é o atual secretário da Educação do estado de SP desde o início do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), em 2023.
Após a Prefeitura, o governo do estado também afastou diretores de escolas que tiveram baixo do desempenho esperado no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) ou no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB).
Unidades prioritárias e questionamento da Defensoria
Segundo a Prefeitura de São Paulo, um grupo de 66 escolas municipais fazer parte de um grupo de unidades prioritárias por não terem atingido critérios de avaliação educacional.
Foram identificados números abaixo do esperado com alunos dessas unidades no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e no Idep, índice aplicado no município.
O secretário estadual de Educação, Renado Feder, e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Ciete Silvério/EducaçãoSP
São notas abaixo do previsto para os anos iniciais, aqueles estudantes mais jovens, ou para as idades finais, aqueles que estão em fase final de aprendizado.
Na segunda-feira (27), a Defensoria Pública enviou um ofício para a Secretaria Municipal de São Paulo para questionar os critérios para o afastamento dos 25 diretores.
O defensor Gustavo Samuel da Silva Santos, coordenador do Núcleo Especializado na Infância e Juventude, questiona cinco pontos:
A lista dos diretores e escolas em que houve o envio dos profissionais para a requalificação;
A razão específica para o afastamento de cada diretor;
Informações detalhadas sobre o curso – como cronograma, corpo docente envolvido, carga horária, metodologia, entre outros;
Informação de quem exercerá a função de diretor dessas escolas no período em que os titulares farão o curso;
Fundamento legal usado para justificar a decisão.
“Nos preocupou a posição do município, uma vez que esses profissionais estarem afastados por quase todo um ano, sem identificar adequadamente quais as razões desse afastamento e quais os critérios para selecionar esses profissionais, não outros, e ainda como esse curso aconteceria e como a gestão das escolas não seria prejudicada”, afirmou Silva Santos, ao g1.
Segundo o defensor, com a decisão “existe o risco a continuidade do serviço de educação de centenas de crianças e adolescentes do município”.
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