Lua “paralisa” no céu: saiba o que é o lunistício

Conforme noticiado pelo Olhar Digital, nesta quinta-feira (20) acontece o solstício de junho, o dia mais curto do ano nos países e territórios do Hemisfério Sul da Terra. Mas, você sabia que também existem os lunistícios? Nessas ocasiões, a Lua aparenta “paralisar” no céu, assim como ocorre com o Sol nos solstícios.

O astrônomo amador Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital, explica ambos os fenômenos:

“Se formos observar o pôr do Sol todos os dias, veremos que de um dia para o outro, isso ocorre em diferentes posições no horizonte. À medida em que nos aproximamos do verão do Hemisfério Sul, o Sol vai nascendo e se pondo mais ao sul, até atingir sua máxima declinação sul, ou seja, seu ponto mais ao sul no horizonte. 

Esse momento é chamado pelos astrônomos de solstício porque, por alguns dias, o Sol parece nascer e se pôr no mesmo ponto. O solstício que ocorre entre 20 e 22 de dezembro marca o início do verão. Depois do solstício de verão, o Sol começa sua “caminhada” em direção ao norte, até que por volta de 20 a 22 de junho, alcança o solstício de inverno no hemisfério Sul. Tudo isso ocorre graças à inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao plano de translação ao redor do Sol, o chamado plano da eclíptica”. 

Crédito: Vito Technology, Inc. via Starwalk.space

Segundo Zurita, com a Lua, acontece mais ou menos a mesma coisa. “A órbita da Lua em torno da Terra está inclinada cerca de 5° em relação ao plano da eclíptica, fazendo com que, a cada período de cerca de duas semanas, a Lua saia de uma declinação mais ao sul e atinja uma declinação mais ao norte (entenda por declinação como sendo o equivalente à latitude, mas em coordenadas celestes). Esses momentos de máxima declinação da Lua são chamados também de lunistícios”.

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Por que estão chamando de “paralisação” da Lua?

Zurita explica que esse movimento da Lua em relação ao horizonte é um pouco mais complexo graças à inclinação da Terra que acaba se somando ou subtraindo à inclinação do plano orbital da Lua, fazendo com que os lunistícios possam ocorrer em declinações de até 28,5°, tanto ao norte quanto ao sul. “Esses são os chamados ‘lunistícios maiores’, quando o lunistício ocorre no mesmo momento dos solstícios, somando as inclinações do eixo de rotação e do plano orbital lunar”. 

Trocando em miúdos, o lunistício maior é o momento em que a Lua vai nascer e se pôr mais ao norte ou mais ao sul. Isso é visível em qualquer parte do mundo, mas quando o lunistício maior ocorre com a Lua em sua máxima declinação norte, ela passa mais tempo no céu no Hemisfério Norte e menos tempo no Hemisfério Sul. Da mesma forma, quando isso ocorre com a Lua em máxima declinação Sul, ela passa mais tempo visível no Hemisfério Sul, como será o caso do lunistício maior que deve ocorrer na noite entre 21 e 22 de junho – o que está sendo chamado pela mídia de “paralisação lunar”.

Lua de Morango – a lua cheia de junho. Crédito: Rafael Prendes – Shutterstock

Zurita discorda do uso da palavra “paralisação” e tenta encontrar uma explicação para a popularização do termo na mídia. “Acredito que alguém não familiarizado com o meio astronômico fez uma tradução errada para ‘Lua estacionária’, fenômeno que ocorre justamente quando um corpo celeste está fazendo a reversão do seu movimento e passa a ficar alguns instantes aparentemente parado em frente ao fundo de estrelas. 

Segundo o Almanaque Astronômico Brasileiro, o solstício que marca a chegada do inverno no Hemisfério Sul deve ocorrer nesta quinta-feira (20), às 17h51 (horário de Brasília). No dia seguinte (21), às 23h41, a Lua chega ao lunistício, atingindo sua máxima declinação sul (-28,4°). Este será o ponto mais ao sul onde será possível ver a Lua em quase 20 anos. “Graças às diferenças dos períodos orbitais da Lua em torno da Terra e da Terra em torno do Sol, lunistícios maiores só se repetem a cada 18,6 anos aproximadamente”, diz Zurita.

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