PF apura suposta espionagem na Abin e rolo para blindar Flávio Bolsonaro

A Polícia Federal deflagrou a operação Última Milha na última quinta-feira, visando desmantelar uma suposta rede de espionagem ilegal operando dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A investigação aponta para a existência de uma “Abin Paralela” envolvida em uma série de atividades criminosas, incluindo interceptação ilegal de comunicações, invasão de dispositivos eletrônicos, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

De acordo com fontes ligadas à investigação, essa rede clandestina usava um software denominado FirstMile para realizar interceptações telefônicas sem autorização legal. Além disso, estratégias complexas eram empregadas para ocultar o fluxo financeiro destinado ao pagamento dos envolvidos no esquema.

Ainda não foram divulgadas provas concretas, mas rumores sobre um áudio clandestino têm circulado, onde supostamente se discute um plano para beneficiar o senador Flávio Bolsonaro e um possível esquema de “rachadinha”. Este áudio ainda não foi tornado público, e as alegações continuam sob escrutínio da Polícia Federal. O ex-diretor-geral da Abin é o principal alvo da investigação.

As penalidades para os crimes investigados variam significativamente, com a associação criminosa podendo resultar em até três anos de prisão, enquanto a corrupção passiva, um dos delitos mais graves, pode levar a até 12 anos de reclusão. A lavagem de dinheiro, um pilar central do esquema, possui uma pena máxima de 10 anos de prisão.

A operação Última Milha revela um possível abuso de poder dentro de uma das instituições mais importantes do país, lançando dúvidas sobre a segurança nacional e o uso ético dos recursos de inteligência. Com o avanço das investigações, espera-se que mais detalhes sobre o funcionamento desta rede de espionagem ilegal sejam revelados, bem como a identificação e responsabilização de todos os envolvidos.

Segurança e privacidade

À medida que as investigações da operação Última Milha avançam, autoridades estão cada vez mais preocupadas com as ramificações desse suposto esquema de espionagem dentro da Abin. Revelações sobre a utilização de tecnologias avançadas para interceptar comunicações de forma ilegal, e a conexão dessas ações com figuras políticas de alto nível, colocam em xeque não apenas a integridade de algumas instituições governamentais, mas também a privacidade e a segurança de cidadãos brasileiros.

Informações preliminares indicam que os integrantes da Abin Paralela poderiam estar monitorando políticos, magistrados e outras autoridades, uma prática que, se confirmada, poderia constituir uma grave violação das normas democráticas e legais. Este cenário complica ainda mais o quadro político nacional, que já é marcado por tensões e disputas de poder.

A repercussão desse caso também se estende à opinião pública. Há uma crescente demanda por transparência e rigor na investigação dessas alegações, com várias organizações civis e jurídicas chamando atenção para a necessidade de uma reforma profunda nos mecanismos de controle e supervisão das atividades de inteligência do país.

Além disso, o suposto envolvimento de figuras públicas, como Flávio Bolsonaro, em esquemas de corrupção traz uma nova camada de complexidade ao caso. A possibilidade de que essas práticas estejam sendo encobertas ou mesmo facilitadas por operações ilegais de inteligência sugere um cenário de impunidade e manipulação que pode ter ramificações profundas dentro do governo.

Enquanto a Polícia Federal continua a desdobrar os fios dessa trama complexa, a sociedade brasileira aguarda respostas definitivas. A eventual comprovação dessas práticas não só confirmaria temores sobre a erosão de princípios democráticos básicos, mas também poderia levar a uma crise de confiança na capacidade do governo de proteger os direitos e a privacidade de seus cidadãos.

O desenrolar da operação Última Milha será, sem dúvida, um teste crucial para as instituições de justiça e inteligência do Brasil. As próximas etapas das investigações serão acompanhadas de perto, tanto por autoridades quanto pela população, ansiosa por entender até que ponto as estruturas de poder no país têm sido utilizadas para fins pessoais e políticos, contrariando o espírito da lei e da justiça.

O que diz Ramagem

O ex-diretor-geral da Abin se manifestou, nas redes sociais, a respeito do caso. Leia, abaixo:

“Após as informações da última operação da PF, fica claro que desprezam os fins de uma investigação, apenas para levar à imprensa ilações e rasas conjecturas.

O tal do sistema first mile, que outras 30 instituições também adquiriam, parece ter ficado de lado.

A aquisição foi regular, com parecer da AGU, e nossa gestão foi a única a fazer os controles devidos, exonerando servidores e encaminhando possível desvio de uso para corregedoria. A PF quer, mas não há como vincular o uso da ferramenta pela direção-geral da Abin.

Trazem lista de autoridades judiciais e legislativas para criar alvoroço. Dizem monitoradas, mas, na verdade, não. Não se encontram em first mile ou interceptação alguma. Estão em conversas de WhatsApp, informações alheias, impressões pessoais de outros investigados, mas nunca em relatório oficial contrário à legalidade.

Não há interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro. A demanda se resolveu exclusivamente em instância judicial.

A PGR não foi favorável às prisões da operação, mas a Justiça desconsiderou a manifestação.

Há menção de áudio que só reforça defesa do devido processo, apuração administrativa, providência prevista em lei para qualquer caso de desvio de conduta funcional.

Houve finalmente indicação de que serei ouvido na PF, a fim de buscar instrução devida e desconstrução de toda e qualquer narrativa.

No Brasil, nunca será fácil uma pré-campanha da nossa oposição. Continuamos no objetivo de legitimamente mudar para melhor a cidade do Rio de Janeiro.”

Fala, Flávio Bolsonaro

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) recorreu ao X (antigo Twitter) para negar qualquer relação com o esquema da ‘Abin paralela’. As investigações da Polícia Federal encontraram uma gravação de uma hora e oito minutos de uma reunião entre o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o então chefe da Abin, Alexandre Ramagem, em que discutiam um plano para proteger o filho mais velho do ex-presidente.

“Simplesmente não existia nenhuma relação minha com Abin. Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter. A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Delgado Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro”, escreveu o senador.

Nota da Abin

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