A Viasat realizou em Brasília* hoje, 22 de abril, o primeiro teste público no Brasil de comunicação direta entre celulares e satélites, utilizando a tecnologia Direct-to-Device (D2D) em banda L, e avisou que o serviço já está disponível para uso no país. Para tanto, a empresa vai procurar firmar contratos com operadoras e o ecossistema de inovação em internet das coisas, informou o diretor-geral da empresa por aqui, Leandro Gaunszer.
Na demonstração, realizada nesta terça-feira, 22, em Brasília, representantes da empresa enviaram e receberam mensagens de SMS por meio de celulares conectados diretamente ao satélite I-4 F3, que opera em banda L, faixa de frequência disponível para telefonia celular satelital.

A troca de mensagens aconteceu entre dois aparelhos móveis sem depender de torres ou sinal de operadoras, marcando o início da introdução da arquitetura 3GPP NTN (Non-Terrestrial Networks) no mercado brasileiro. Estavam no evento representantes da Anatel e parlamentares federais. Uma das mensagens foi transmitida de um dos quatro smartphones da empresa para o presidente da Anatel, Carlos Baigorri.
A tecnologia prevê o uso de um aplicativo próprio para a troca de mensagens via SMS. Caso o celular receptor não tenha o aplicativo, a pessoa recebe um link para conversar via SMS diretamente através da plataforma da Viasat.
Guanszer ressaltou, porém, que a tecnologia não é ameaça, mas complemento às redes móveis, e que espera que o produto chegue às mãos dos brasileiro justamente através dos acordos com as teles.
Já para casos de uso de Internet das Coisas, ele acredita que haverá demanda por integradoras IoT para conexão de soluções para agrobusiness, logística, mineração, em óleo e gás, governo, forças armadas, serviços de emergência em áreas remotas.
Segundo ele, o a tecnologia viabiliza a conectividade onde atualmente não há cobertura móvel. Segundo dados da Anatel, atualizados em setembro de 2024, apenas 18% do território brasileiro contava com sinal de celular. Neste momento, a gama de celulares compatíveis não é alta. São os modelos mais caros os compatíveis. Mas a empresa aposta no uso de dongles, já comercializados, de custo mais baixo e que se conectam via bluetooth a smartphones.
A conexão D2D demonstrada é de baixa capacidade de dados e possui tempo de resposta de alguns segundos. Mas os executivos da Viasat presentes ao evento ressaltaram que esperam, em dois anos, ter um produto desenvolvido de alta capacidade, capaz de ser utilizado em soluções que envolvam monitoramento em vídeo de alta resolução, por exemplo, realizar chamadas de voz e vídeo com qualidade, em áreas onde a cobertura terrestre não se apresenta com alternativa.
A tecnologia demonstrada segue o Release 17 do padrão 3GPP, voltado para redes não-terrestres, e está sendo desenvolvida em colaboração com fabricantes de chips e outros integrantes do ecossistema global. De acordo com projeção da GSMA Intelligence, esse segmento de conectividade direta com dispositivos pode movimentar mais de US$ 30 bilhões anuais até 2035.
Andy Kessler, vice-presidente da Viasat Enterprise, afirmou que a empresa já discute com possíveis parceiros locais para operacionalizar a nova oferta. A Viasat já atua no Brasil com serviços de banda larga e ampliou sua presença após a aquisição da Inmarsat, concluída em 2023. A companhia também é integrante da Mobile Satellite Services Association (MSSA), que promove o desenvolvimento do setor satelital com base em padrões abertos e interoperabilidade global.
*O jornalista viajou a Brasília a convite da Viasat
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