O cardeal italiano Angelo Becciu, condenado por corrupção em 2023 pelo Tribunal Penal do Vaticano, afirmou que participará do conclave que escolherá o próximo papa, mesmo tendo sido excluído da lista oficial de cardeais eleitores. A declaração foi feita após sua chegada a Roma, nesta terça-feira (16).
Becciu foi sentenciado em primeira instância a cinco anos e meio de prisão por envolvimento em um esquema de desvio de recursos da Igreja.
Segundo a acusação, ele usou verbas do Óbolo de São Pedro — fundo destinado à caridade — para comprar um imóvel de luxo em Londres enquanto ocupava o cargo de número dois da Secretaria de Estado do Vaticano.
Apesar da condenação, o cardeal segue em liberdade e recorre da sentença.
“Não houve exclusão formal”, diz Becciu
Em entrevista ao jornal L’Unione Sarda, Becciu rebateu a exclusão e disse que não há impedimento jurídico para sua participação na escolha do sucessor de Francisco.
“O papa reconheceu intactas as minhas prerrogativas cardinalícias, uma vez que não houve uma vontade explícita de me excluir do conclave nem o pedido da minha renúncia por escrito. A lista publicada pela assessoria de imprensa não tem valor jurídico”, afirmou.
Ex-assessor próximo do papa, Becciu também se pronunciou sobre a morte de Francisco.
“A morte, por mais repentina que seja, não pode apagar sete anos de colaboração estreita, de partilha das mais altas decisões eclesiais e pastorais da Igreja. Agora ele está na luz do ressuscitado.”
Como funciona o conclave
O conclave, cerimônia que escolhe o novo pontífice, ocorre na Capela Sistina e reúne todos os cardeais com menos de 80 anos. Eles são isolados do mundo exterior, proibidos de manter qualquer tipo de comunicação, inclusive por meios digitais.
A votação é secreta, e os cardeais depositam seus votos em uma urna. Para que um nome seja eleito, é necessário obter dois terços dos votos. Nenhum cardeal pode se abster nem votar em si mesmo.
Apesar de, em tese, qualquer homem batizado poder ser eleito papa, na prática, todos os pontífices dos últimos séculos foram escolhidos entre os próprios cardeais.
O conclave é convocado entre 15 e 20 dias após a morte ou renúncia do papa. O isolamento dentro da capela é assegurado pelo camerlengo; fora dela, a segurança é responsabilidade do prefeito da Casa Pontifícia.
*Com informações do UOL.
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