Revista científica australiana publica artigos gerados por IA e recebe críticas

A comunidade científica australiana está em polêmica após a revelação de que a renomada revista Cosmos publicou uma série de artigos gerados por inteligência artificial. Especialistas afirmam que os textos, embora revisados por humanos, apresentam imprecisões e simplificações excessivas que comprometem a qualidade da informação científica.

A Associação Australiana de Jornalistas Científicos liderou as críticas, apontando erros em artigos como “O que acontece com nossos corpos após a morte?”. Segundo o presidente da associação, Jackson Ryan, as descrições do processo científico apresentadas nos textos gerados pela IA são imprecisas e, em alguns casos, até mesmo incorretas.

Ryan destaca que o artigo sobre a morte, por exemplo, afirma de forma simplista que o rigor mortis ocorre entre três e quatro horas após o falecimento. No entanto, a pesquisa científica indica que esse período é menos definido e varia de acordo com diversos fatores. Outra falha apontada é a descrição da autólise, processo no qual as células são destruídas por suas próprias enzimas. O artigo afirma que as células “se autodestroem”, o que, segundo Ryan, é uma simplificação excessiva que distorce o processo biológico.

A Cosmos, por sua vez, defende que o conteúdo gerado pela IA passou por revisão de um comunicador científico e foi editado pela equipe editorial. A revista se comprometeu a continuar analisando o uso da inteligência artificial nesse tipo de produção, mas a polêmica levanta questões importantes sobre a confiabilidade da informação científica em uma era marcada pela crescente utilização de ferramentas de IA.

Ex-editores da revista também expressaram suas preocupações. Gail MacCallum, uma das ex-editoras, se declarou uma defensora da exploração da IA, mas afirmou que a criação de artigos inteiramente gerados por essa tecnologia está “além da minha zona de conforto”. Já Ian Connellan, outro ex-editor, disse não ter sido informado sobre o projeto e que, se tivesse sido, teria alertado que era “uma má ideia”.

A controvérsia em torno dos artigos gerados pela IA na revista Cosmos destaca a necessidade de cautela na utilização dessas ferramentas na produção de conteúdo científico. Embora a inteligência artificial ofereça novas possibilidades para a comunicação científica, é fundamental que a revisão humana rigorosa garanta a precisão e a qualidade da informação.

Do Ver-o-Fato, com informações de AFP.

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