“Monstro galáctico”: Inkathazo é 32 vezes maior do que a Via Láctea

Nas profundezas do espaço, gigantes astros surpreendem os cientistas. Um grupo de pesquisadores da África do Sul encontrou um membro desses colossos cósmicos, o Inkathazo, uma espécie de galáxia com 32 vezes o diâmetro da Via Láctea.

A nova descoberta é classificada como uma Radiogaláxia Gigante. Esse tipo se forma a partir da presença de buracos negros supermassivos muito ativos em seu interior. Eles expelem jatos de plasma através de milhões de anos-luz, que emitem ondas de rádio, captadas pelos astrônomos.

O Inkathazo é o mais recente desse grupo a ser descoberto e seus jatos não se parecem com os de outros GRGs. O apelido significa “problema” em IsiZulu e IsiXhosa, línguas locais da África do Sul, porque tem sido complicado para os cientistas entenderem a física por trás do astro colossal.

Radiogaláxia Inkathazo em azul
Os jatos de Inkathazo são diferentes das outras GRGs
(Imagem: K.K.L Charlton (UCT), MeerKAT, HSC, CARTA, IDIA.)

“Ela não tem as mesmas características de muitas outras radiogaláxias gigantes. Por exemplo, os jatos de plasma têm um formato incomum. Em vez de se estender de ponta a ponta, um dos jatos está torto”, explica Kathlen Charlton, mestranda na Universidade do Cabo e primeira autora do estudo, em um comunicado.

Como se o tamanho não fosse o bastante, o Inkathazo não está em um ambiente isolado como a maioria dos GRGs, mas sim no centro de um aglomerado de galáxias. Isso deve dificultar a presença dos enormes jatos em um local já cheio de outros astros.

“Encontrar um GRG num ambiente de aglomerado levanta questões sobre o papel das interações do ambiente na formação e evolução destas galáxias gigantes”, comenta o co-autor do estudo, Dr. Kshitij Thorat, da Universidade de Pretória. 

Radiogaláxia Inkathazo em branco
A física das GRGs é complexa e precisa de mais estudos. (Imagem: K.K.L Charlton (UCT), MeerKAT, HSC, CARTA, IDIA.)

Enormes telescópios para observar astros gigantes

A descoberta só foi possível graças ao extraordinário poder técnico do telescópio MeerKAT, um conjunto de 64 antenas no Cabo Setentrional. Com o equipamento, pesquisadores conseguiram rastrear as idades do plasma nos jatos, mostrando que um lado é mais jovem que o outro.

A equipe também pôde ver que alguns dos elétrons no plasma receberam aumentos inesperados de energia. Esse comportamento pode indicar uma interação entre os jatos e o gás quente que existe entre as galáxias do aglomerado.

“As descobertas desafiam os modelos existentes e sugerem que ainda não compreendemos muito da complicada física do plasma em jogo nestas galáxias extremas”, diz Thorat.

O MeerKAT tem sido um equipamento essencial para captar ondas de rádio, principalmente de GRGs. A próxima grande novidade na radioastronomia será sua “evolução” para o  Square Kilometer Array (SKA), um projeto global de ciência e engenharia que pretende construir o maior radiotelescópio do mundo.

Ilustração mostra como deve ser o Square Kilometer Array. (Imagem: Wikimedia Commons)

O objetivo do SKA é desvendar alguns dos maiores mistérios do Universo. Com ele, cientistas poderão estudar a evolução das primeiras galáxias, o aparecimento das estrelas primordiais, detecção de matéria escura, o funcionamento do magnetismo cósmico, a natureza da gravidade e a vida em outros planetas.

“Estamos entrando numa era emocionante da radioastronomia”, acrescentou a co-autora Dra. Jacinta Delhaize, pesquisadora da Universidade da Cidade do Cabo. 

“Embora o MeerKAT nos tenha levado mais longe do que nunca, o SKA nos permitirá expandir ainda mais estes limites e, esperançosamente, resolver alguns dos mistérios em volta de astros enigmáticos, como as radiogaláxias gigantes”, comenta Delhaize.

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