Milhares de minas terrestres ameaçam retorno dos sírios às suas terras

Minas terrestres e restos de munição não detonados mataram pelo menos 144 pessoas – entre elas, 27 crianças – na Síria de dezembro de 2024 para cá. Este é o período após a queda do regime de Bashar al-Assad. E os dados são da organização internacional Halo Trust, especializada na limpeza de minas terrestres e outros tipos de explosivos.

Muitos dos mortos eram agricultores e donos de terras que tentavam voltar às suas fazendas, informou a Defesa Civil da Síria, conhecida como Capacetes Brancos, à BBC. Ainda segundo o órgão, a maior parte das mortes registradas após a queda do regime de Assad ocorreu nas antigas frentes de batalha. E a maioria das vítimas eram homens.

Regime de Assad espalhou centenas de milhares de minas terrestres pela Síria

O governo anterior espalhou centenas de milhares delas pelas regiões do país, principalmente agrícolas (este mapa mostra a dimensão do problema). É o que explicou o chefe de uma equipe dos Capacetes Brancos, Hassan Talfah.

Grosso modo, os restos de munição não detonados se dividem em duas categorias:

  • Artilharia não detonada (UXOs, na sigla em inglês);
  • Minas terrestres.
Minas terrestres empilhadas e bagunçadas
Entre 27 de novembro e 3 de janeiro, os Capacetes Brancos afirmam terem retirado 822 UXOs no noroeste da Síria (Imagem: Photo Nature Travel/Shutterstock)

Exemplos de UXOs são: granadas, morteiros e bombas de fragmentação. Removê-los das áreas é mais fácil, em comparação à retirada de minas terrestres, porque eles ficam acima do solo. Isto é, são visíveis.

  • Para você ter ideia: Entre 27 de novembro e 3 de janeiro, os Capacetes Brancos afirmam terem retirado 822 UXOs no noroeste da Síria.

Já as minas terrestres representam perigo maior por ficarem escondidas. Para piorar, os Capacetes Brancos não têm experiência na retirada de minas. O que eles têm feito: cercar os campos, colocar placas ao longo dos seus limites e pintar mensagens com tinta spray.

  • A placas avisam as pessoas para se afastarem. E as mensagens pintadas com spray dizem: “Perigo – minas terrestres à frente”.

Buscas por campos minados

Ao longo de um mês, a Defesa Civil identificou e cercou aproximadamente 117 campos minados. Outras organizações ajudam nos trabalhos, mas, aparentemente, há pouca coordenação, conforme observado pela BBC.

Duas placas colocadas uma de trás para outra em deserto avisando que existem minas terrestres na região
Defesa Civil da Síria espalha placas para alertar civis da existência de minas terrestres nas regiões (Imagem: Lukas Hlavac/Shutterstock)

Em outra frente, os Capacetes Brancos promovem campanhas para conscientizar os moradores sobre os riscos de circular por terrenos salpicados por UXOs e minas terrestres.

O gerente do programa Halo Síria, Damian O’Brien, estima que aproximadamente um milhão de dispositivos precisariam ser destruídos para proteger a vida dos civis na Síria. É muito, mas os Capacetes Brancos encontraram algo que pode ajudar.

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Mapas e documentos do regime de Assad

Forças do antigo governo deixaram para trás mapas e documentos com locais, números e tipos de minas terrestres espalhadas pelo noroeste da Síria. Agora em mãos da Defesa Civil, essas informações vão para autoridades “que irão lidar diretamente com as minas terrestres”, disse Talfah.

Para O’Brien, a comunidade internacional precisa trabalhar com o novo governo da Síria para aumentar o conhecimento do país sobre a “contaminação” de UXOs e minas terrestres em espaços agora civis. Até lá, pessoas retornam às suas terras e crianças brincam pelos campos sob o risco de explodirem.

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