Vida em Marte? Nova técnica de busca pode trazer respostas

Um estudo publicado nesta quarta-feira (5) na revista Frontiers in Astronomy and Space Sciences propõe um novo método para identificar sinais de vida em Marte e outros planetas. A pesquisa sugere que a movimentação de micróbios, chamada de motilidade, pode ser um indicador confiável da presença de organismos vivos e poderia ser utilizada em futuras missões espaciais. 

A técnica baseia-se na capacidade de certos microrganismos de se moverem ativamente em direção a estímulos químicos, um comportamento conhecido como quimiotaxia.

Representação artística do rover Perseverance, da NASA, em Marte, uma das missões robóticas a procura de sinais de vida. Crédito: NanoStockk – IstockPhoto

Encontrar organismos vivos fora da Terra é um desafio. As missões robóticas enviadas a Marte pela NASA utilizam equipamentos avançados para buscar sinais biológicos, porém a baixa biomassa de possíveis microrganismos pode dificultar a detecção. 

Em um artigo para o site The Conversation, Belinda Ferrari, microbiologista da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, técnicas laboratoriais altamente sensíveis, como sequenciamento genético e análise microscópica, são empregadas para identificar vida microbiana na Terra. No entanto, essas metodologias ainda não possuem a precisão necessária para operar em ambientes espaciais.

Micróbios foram adaptados às condições de Marte

O novo estudo – do qual Ferrari não participou – sugere que a motilidade microbiana pode ser usada como um sinal direto da existência de vida. Os pesquisadores argumentam que o movimento direcionado de microrganismos é uma bioassinatura clara e pode ser distinguido do movimento aleatório de partículas não vivas por meio de microscopia. Como a motilidade evoluiu independentemente diversas vezes na Terra, há indícios de que poderia ser um traço comum da vida em outros planetas.

Para testar essa ideia, a equipe analisou três microrganismos terrestres adaptados a condições extremas semelhantes às de Marte. O primeiro foi o Bacillus subtilis, bactéria encontrada no solo e no intestino humano, resistente a temperaturas de até 100 °C. O segundo, Pseudoalteromonas haloplanktis, prospera em águas geladas da Antártica. E o terceiro, Haloferax volcanii, é uma arqueia que sobrevive em ambientes altamente salinos, como o Mar Morto.

A Antártida é um dos poucos lugares na Terra com permafrost semelhante às áreas de Marte. Crédito: Oksana Yermoshenko – Shutterstock

Os pesquisadores observaram que todos esses micróbios se moviam em direção a um aminoácido específico, a L-serina. Esse comportamento, chamado de quimiotaxia, sugere que a resposta a substâncias químicas pode ser um traço universal da vida. 

Para comprovar a viabilidade do método, a equipe utilizou um experimento simples: uma lâmina de vidro com duas câmaras separadas por uma membrana fina. Em uma das câmaras, os microrganismos foram colocados; na outra, a L-serina. Se estivessem vivos e ativos, atravessariam a membrana em direção ao aminoácido.

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O experimento demonstrou que a técnica funciona em laboratório, mas sua aplicação em Marte ainda exigiria refinamentos. Mesmo assim, os cientistas acreditam que a abordagem pode ser incorporada a futuras missões espaciais. 

Em um comunicado, Max Riekeles, pesquisador da Universidade Técnica de Berlim, explicou que a simplicidade do método o torna acessível e eficiente, dispensando o uso de computadores avançados para análise de dados.

A pesquisa sugere que essa metodologia poderia complementar os instrumentos atuais, tornando a busca por vida extraterrestre mais prática e econômica. O estudo reforça a importância do desenvolvimento de novas tecnologias para exploração espacial e abre novas possibilidades na procura por sinais de vida fora da Terra.

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