Astrônomos descobrem a maior estrutura cósmica já vista no Universo

Um artigo aceito para publicação pela revista Astronomy and Astrophysics, disponível no servidor de pré-impressão arXiv, descreve a descoberta de uma gigantesca estrutura cósmica que pode ser a maior já identificada no Universo. Trata-se de um conjunto de aglomerados de galáxias que se estende por cerca de 1,3 bilhão de anos-luz e possui 200 quatrilhões de vezes a massa do Sol.

O que você vai ler aqui:

  • Astrônomos descobriram “Quipu”, uma gigantesca estrutura de galáxias no Universo;
  • Ela tem 1,3 bilhão de anos-luz de extensão e uma massa 200 quatrilhões de vezes a do Sol;
  • Além de Quipu, os cientistas identificaram mais quatro estruturas gigantes no espaço;
  • Essas formações, no entanto, não serão sempre do mesmo tamanho e talvez até deixem de existir;
  • No futuro, a própria expansão do Universo pode fazer com que elas se desfaçam.

A equipe batizou essa estrutura de “Quipu”, em referência ao sistema inca de contagem baseado em nós atados em cordas. A escolha do nome é porque Quipu lembra um longo fio com ramificações, semelhante à forma como esses aglomerados de galáxias estão distribuídos. 

Diagrama mostra as cinco superestruturas conhecidas no Universo. Quipu (vermelho) é a maior delas. As demais são Serpens-Corona Borealis (verde), Hércules (roxo), Sculptor-Pegasus (bege) e Shapley (azul), que acaba de ser superada em tamanho pelas recém-descobertas. Crédito: Boehringer et al.

Se confirmada, essa descoberta supera recordistas anteriores, como o superaglomerado Laniākea, e pode representar o maior objeto já catalogado em termos de comprimento.

No artigo, os autores revelam que Quipu se destaca no mapa do céu sem necessidade de técnicas sofisticadas de detecção. Sua presença foi identificada visualmente na distribuição dos aglomerados de galáxias em determinada faixa de desvio para o vermelho, um efeito relacionado à expansão do Universo. Quanto maior o desvio para o vermelho, mais distante está o objeto, e a pesquisa focou em estruturas situadas entre 425 milhões e 815 milhões de anos-luz da Terra.

Descoberta mostra como é complexa a distribuição da matéria no Universo

A descoberta de Quipu se soma a outras superestruturas que revelam a complexidade da distribuição da matéria no Universo. Além dele, os pesquisadores identificaram mais quatro estruturas gigantes. Entre elas está o superaglomerado Shapley, já considerado a maior superestrutura conhecida. No entanto, agora ele foi superado não apenas por Quipu, mas também por três outras formações imensas: Serpens-Corona Borealis, o superaglomerado Hércules e Sculptor-Pegasus.

Essas cinco superestruturas dominam uma fração significativa do cosmos. Juntas, concentram cerca de 45% dos aglomerados de galáxias conhecidos, 30% das galáxias e 25% da matéria observável. No total, representam aproximadamente 13% do volume do Universo mapeado pelos astrônomos.

Embora Quipu pareça ser a maior estrutura já identificada, há evidências de que existam formações ainda mais extensas em partes mais remotas do Universo. Um exemplo é a chamada Grande Muralha Hércules-Corona Borealis, que pode se estender por impressionantes 10 bilhões de anos-luz. No entanto, sua existência ainda gera debates entre os cientistas.

O superaglomerado Shapley era a maior concentração de galáxias já observada no Universo próximo até então. Crédito: Pablo Carlos Budassi – Wikimedia Commons

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Foco das próximas pesquisas será nos efeitos das superestruturas cósmicas 

Além de impressionar pelo tamanho, essas superestruturas podem influenciar fenômenos cósmicos fundamentais. A distribuição massiva de matéria afeta a radiação cósmica de fundo (CMB), a fraca radiação de micro-ondas remanescente do Big Bang que permeia o espaço. Além disso, os pesquisadores sugerem que a presença dessas grandes concentrações pode alterar as medições da constante de Hubble, usada para determinar a taxa de expansão do Universo.

Outro efeito importante está relacionado à gravidade. A grande quantidade de matéria nessas estruturas pode distorcer a luz de objetos mais distantes, em um fenômeno conhecido como lente gravitacional. Esse efeito pode modificar a aparência de galáxias e aglomerados no fundo do céu, impactando observações astronômicas.

Os cientistas acreditam que pesquisas futuras poderão revelar mais detalhes sobre como essas estruturas influenciam a formação e evolução das galáxias. Embora Quipu e outras superestruturas sejam impressionantes, elas não são permanentes. Com o tempo, a expansão do Universo pode fragmentá-las em partes menores.

“Essas superestruturas, em sua evolução cósmica, acabarão se dividindo”, escreveram os autores do estudo. “Mas, por enquanto, são configurações especiais do Universo que merecem atenção.”

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