Homem que segurou o corpo de Pablo Escobar em um telhado expõe “grande mentira” sobre a morte do traficante

Homem que segurou o corpo de Pablo Escobar em um telhado expõe "grande mentira" sobre a morte do traficante

Pablo Escobar, o famoso narcotraficante colombiano, foi um dos criminosos mais procurados do mundo durante os anos 1980 e início dos 1990. Sua trajetória, retratada em séries como Narcos, da Netflix, esconde detalhes que só agora vêm à tona graças aos relatos de quem esteve no centro da operação que acabou com seu reinado de terror.

Steve Murphy e Javier Peña, os agentes da DEA (Drug Enforcement Administration) que perseguiram Escobar por anos, revelaram em um podcast recente os momentos cruciais do dia em que o líder do Cartel de Medellín foi morto — e desmentiram uma das maiores teorias da conspiração sobre o caso.

O início da caçada

Pablo Escobar fundou o Cartel de Medellín em 1976, transformando a Colômbia no epicentro do tráfico global de cocaína. Seu império, avaliado em bilhões de dólares, dominou rotas de drogas para os Estados Unidos, Europa e além, enquanto sua rede de violência aterrorizava a população local. Em 1987, a missão de deter Escobar foi atribuída a Steve Murphy e Javier Peña, dois agentes da DEA com experiência em operações em cidades como Miami e Austin, onde o fluxo de drogas era intenso.

Os esforços de Steve Murphy e seu parceiro Javier Peña para derrubar o chefão do tráfico inspiraram a série de sucesso da Netflix, Narcos

Os esforços de Steve Murphy e seu parceiro Javier Peña para derrubar o chefão do tráfico inspiraram a série de sucesso da Netflix, Narcos

A dupla dedicou seis anos à perseguição, enfrentando não apenas a astúcia de Escobar, mas também a complexidade de trabalhar em um território dominado pela corrupção e por conflitos entre grupos rivais. A pressão era enorme: além da DEA, autoridades colombianas e até mesmo outros cartéis queriam ver Escobar morto. O narcotraficante, por sua vez, não facilitava. Ele escapava de prisões, subornava funcionários públicos e usava táticas brutais para manter o controle, incluindo atentados a bomba e assassinatos de políticos, jornalistas e civis.

O dia decisivo: 2 de dezembro de 1993

Tudo mudou quando, após 18 meses de buscas intensas, a polícia colombiana localizou Escobar em um bairro residencial de Medellín. O rastreamento foi possível graças a uma ligação que o criminoso fez para sua família, permitindo que as autoridades identificassem sua localização. O coronel Hugo Martínez, líder da operação, deu a ordem direta: “Não deixem ele escapar”.

Murphy descreveu o clima da época como “exasperante”, especialmente para o governo colombiano, que via a incapacidade de capturar Escobar como uma humilhação pública. Quando a polícia cercou a casa onde ele estava escondido, o confronto foi inevitável. Os agentes tentaram prendê-lo, mas o tiroteio começou rapidamente. “Pablo enfrentou as pessoas erradas naquele dia, e isso custou a vida dele”, resumiu Murphy.

Após os disparos, o narcotraficante foi encontrado morto no telhado da casa, com três ferimentos a bala: um na perna, outro nas nádegas e o último, fatal, na orelha direita. Murphy e o coronel Martínez foram até o local minutos depois. Curiosamente, Murphy carregava a única câmera funcional da equipe naquele dia, o que explica as fotos amplamente divulgadas do corpo de Escobar — inclusive uma em que ele aparece segurando o braço do criminoso.

Forças colombianas são vistas invadindo o telhado onde Escobar foi morto a tiros.

Forças colombianas são vistas invadindo o telhado onde Escobar foi morto a tiros.

A polêmica das fotos e a teoria do suicídio

As imagens geraram controvérsia. Murphy contou que, no calor do momento, policiais colombianos o convidaram para tirar fotos ao lado do corpo, um gesto que ele reconhece como “não muito orgulhoso”. Quando as fotos chegaram aos Estados Unidos, a DEA criticou sua participação na cena, já que a intenção da agência era que o crédito pela captura ficasse totalmente com a polícia local.

Mas além do debate sobre as imagens, um detalhe técnico nelas ajudou a enterrar uma teoria que persistiu por anos: a de que Escobar teria cometido suicídio. Seu filho, Juan Pablo (hoje conhecido como Sebastián Marroquín), alegou em entrevistas que o pai teria usado a última bala de seu revólver para se matar, evitando ser capturado.

Murphy, porém, refutou a história com base em evidências forenses. Ele explicou que, em casos de suicídio com arma de fogo, resíduos de pólvora ficam ao redor do ferimento, já que a proximidade do cano da arma com a pele causa queimaduras características. No caso de Escobar, a foto de close da orelha direita não mostra nenhum desses resíduos. “Se ele tivesse atirado em si mesmo, haveria marcas pretas ao redor do ferimento. Qualquer um pode ver as imagens online e confirmar: não há nada ali”, afirmou o ex-agente.

Além disso, Murphy destacou a dificuldade física de alguém atirar em seu próprio ouvido com uma pistola 9mm, já que o movimento exigiria torcer o braço em um ângulo quase impossível. Para ele, a versão do suicídio foi uma tentativa de Marroquín de suavizar o legado violento do pai. “Se meu pai fosse Pablo Escobar, talvez eu também quisesse mudar um pouco essa história”, comentou.

O legado da operação

A morte de Escobar marcou o fim de uma era sombria para a Colômbia, mas não apagou as cicatrizes deixadas por seu cartel. Estima-se que mais de 4 mil pessoas tenham morrido devido às ações do grupo, incluindo civis, policiais e políticos. O país levou décadas para reconstruir sua imagem e combater a influência do narcotráfico, que continuou com outros cartéis após a queda de Escobar.

Murphy e Peña, que se aposentaram após longas carreiras na DEA, dedicam-se agora a contar a versão real dos eventos em palestras, entrevistas e participações em documentários. Eles enfatizam o papel crucial da polícia colombiana na operação, muitas vezes eclipsado pela narrativa midiática focada em agentes norte-americanos. “Eles foram os heróis que recuperaram o país das mãos daquele homem”, destacou Murphy.

Apesar dos filmes e séries dramatizarem a caçada, os agentes ressaltam que a realidade foi menos glamourosa e mais perigosa. Murphy, por exemplo, chegou a ter uma recompensa de 260 mil libras (equivalente a cerca de 1,3 milhão de reais na época) oferecida por Escobar por sua cabeça. A persistência da dupla, no entanto, mostra que mesmo contra um inimigo poderoso, a cooperação internacional e o trabalho investigativo meticuloso podem mudar o curso da história.

Enquanto o mito de Escobar ainda gera fascínio em livros e produções audiovisuais, os fatos narrados por Murphy e Peña servem como um registro essencial para entender como um dos maiores criminosos do século XX finalmente encontrou seu fim. E, graças às fotos e às explicações técnicas, uma das maiores mentiras sobre seu legado pode ser definitivamente descreditada.

Esse Homem que segurou o corpo de Pablo Escobar em um telhado expõe “grande mentira” sobre a morte do traficante foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.

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