Jatos da lua Encélado, de Saturno, podem não ter conexão com o oceano interno

Um artigo publicado este mês na Geophysical Research Letters propõe uma nova explicação para os gêiseres de Encélado, lua de Saturno. Antes, acreditava-se que essas plumas de vapor d’água e gelo vinham diretamente de um oceano subterrâneo. Os autores do novo estudo agora sugerem que o fenômeno pode ser causado pelo atrito entre camadas de gelo, gerando calor suficiente para derreter parte dele. 

Gêiseres são jatos de vapor e líquidos que emergem de fissuras na superfície de um corpo celestial. Na lua Encélado, esses jatos foram detectados pela sonda Cassini, da NASA, em 2005. A origem dessas plumas sempre foi atribuída ao oceano subterrâneo, onde interações químicas poderiam criar condições favoráveis à vida. A nova abordagem, por sua vez, propõe que elas podem se formar sem conexão direta com esse oceano.

Representação artística dos gêiseres da lua Encélado, de Saturno, local com potencial para abrigar vida alienígena. Crédito: Naeblys – Shutterstock

Estudo propõe nova explicação para os gêiseres:

  • Gêiseres podem não vir do oceano subterrâneo: Os jatos podem se formar pelo derretimento localizado da crosta de gelo, sem necessária ligação com o oceano profundo;
  • Forças de maré geram calor na crosta: O intenso campo gravitacional de Saturno deforma a crosta de Encélado, causando atrito entre suas camadas de gelo e produzindo calor;
  • Expulsão contínua de gelo e vapor: As plumas podem lançar até 300 kg de material por segundo, mantendo o fluxo detectado pela Cassini;
  • Impacto na busca por vida: Se o material expelido não vier diretamente do oceano, as chances de encontrar sinais biológicos nos gêiseres podem ser menores do que se imaginava.

Encélado é uma das luas mais intrigantes do Sistema Solar

Com cerca de 500 km de diâmetro, Encélado é uma das luas mais intrigantes do Sistema Solar. Sua superfície branca e brilhante esconde um oceano subterrâneo – que pode não ser a origem dos gêiseres, desafiando tudo o que se pensava até agora. 

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Imagem de gêiseres em erupção da concha gelada de Encélado, lua de Saturno, captada pela sonda Cassini-Huygens. Créditos: NASA/JPL/Instituto de Ciências Espaciais

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A gravidade de Saturno provoca tensões na crosta da lua, criando fissuras conhecidas como “listras de tigre”. O atrito gerado pelo movimento dessas fissuras produz calor, capaz de derreter parte do gelo e formar reservatórios de salmoura líquida.

Segundo o novo estudo, essa salmoura pode ser expelida através das rachaduras da crosta, explicando a presença de vapor d’água, metano e outros compostos químicos detectados pela Cassini. Se confirmado, esse mecanismo sugere que as plumas podem não trazer material diretamente do oceano subterrâneo, mas sim de camadas intermediárias da crosta de gelo. Isso impactaria a busca por vida, pois os gêiseres poderiam ter menos interação com as águas profundas do oceano interno da lua.

Além de Encélado, essa descoberta pode influenciar a compreensão de outros mundos gelados do Sistema Solar, como Europa, lua de Júpiter, e Tritão, de Netuno. A pesquisa destaca a necessidade de futuras missões para explorar diretamente essas luas e confirmar se os gêiseres estão mesmo ligados a oceanos subterrâneos ou se surgem de processos mais superficiais.

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