Como os fósseis se formam e por que são tão raros?

A fossilização é um processo lento e muito raro de acontecer. Segundo o escritor Bill Bryson, em seu livro Uma Breve História de Quase Tudo, estima-se que apenas um osso em cada um bilhão vire um fóssil. A preservação depende de diversos fatores e pode acontecer em materiais diferentes, contato que evitem a decomposição. Mas, como tudo isso acontece?

Fósseis são restos mortais de animais e plantas que foram enterrados em sedimentos, como areia ou lama, no fundo de mares, lagos e rios. O nome vem do latim fossilis, que significa “desenterrado”.

A decomposição dos ossos de um ser vivo demora anos para acontecer, dependo do ambiente em que está o corpo. Para que eles possam se manter preservados, é preciso que os minerais no local preencham a carcaça num processo conhecido como permineralização, uma espécie de proteção que preserva o artefato no decorrer do tempo.

Os restos mortais precisam estar seguros

Segundo Susannah Maidment, pesquisadora sênior do Museu de História Natural de Londres, em entrevista ao IFLScience, é necessário que os restos mortais sejam levados para um lugar onde a decomposição seja limitada. Uma forma de fazer isso é enterrá-los o mais cedo possível.

“Às vezes, temos coisas como pele e outros tecidos moles, como penas, preservados e, geralmente, isso requer um conjunto bastante único de condições de sepultamento, geralmente um sepultamento muito rápido”, explica Maidment.

Esquema da formação dos fósseis
Esquema da formação dos fósseis. (Imagem: Xabier Murelaga – Elhuyar Fundazioa / WIkimedia Commons)

Locais marinhos ou lacustres são mais propícios para proteger os restos mortais, principalmente porque o enterramento por sedimentos é rápido. Áreas como topos rochosos de montanha, por outro lado, são onde as carcaças se decompõem mais rapidamente e poucos sedimentos se depositam para enterrá-las.

Se os restos mortais estiverem num local de condições ótimas para a fossilização, restam agora milhões de anos para o processo acontecer. As águas subterrâneas ricas em minerais demoram para penetrar nos ossos, mas pesquisadores descobriram algumas condições que podem acelerar essa dinâmica.

Bactérias sepultam sapos em um ano

Um estudo se aprofundou no efeito que os tapetes microbianos têm na decomposição dos sapos anões africanos. O trabalho revelou que os microrganismos “sepultavam” rapidamente o corpo dos anfíbios, criando uma espécie de “sarcófago” que preserva os tecidos moles por anos.

A mineralização do restante do corpo aconteceu entre 540 dias e 1,5 ano. O processo criou restos mortais muito semelhantes a fósseis em um período curto.

Porém, pesquisadores não consideram a carcaça do sapo como um fóssil. A definição criada pela Sociedade Geológica Britânica estabelece que os restos mortais preservados tem que ter mais de 10 mil anos para entrarem na categoria fóssil. Esse número é mais uma questão técnica do que uma marca exata do tempo para a fossilização se concluir.

Etapas do sepultamento do sapo no "sarcófago" de micróbios
Etapas do sepultamento do sapo no “sarcófago” de micróbios. (Imagem: M. Iniesto et al.)

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Onde encontrar os fósseis?

Após a morte em um local ideal e todas as etapas de preservação feitas pela natureza, os fósseis residem em formações específicas. Os cientistas podem encontrá-los em rochas sedimentares e, ocasionalmente, em metamórficas de baixo grau e granulação fina.

Se algo remover os restos mortais, eles deixam moldes na rocha ao redor. Esses espaços podem ser preenchidos posteriormente por outros materiais, formando modelos dos fósseis originais.

“Evidências preservadas de partes do corpo de animais, plantas e outras formas de vida antigas são chamadas de ‘fósseis corporais’. ‘Traços fósseis’ são as evidências deixadas por organismos em sedimentos, como pegadas, tocas e raízes de plantas”, explica a Sociedade Geológica Britânica.

Quando encontrados, esses resquícios do passado ajudam a humanidade a entender a história natural e da Terra. Sem eles, a biologia, a geologia, e muitas outras ciências jamais seriam as mesmas. 

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