Dois assassinos, vida perdida: jovem é executado a tiros em Tailândia

Mais uma vida foi ceifada no Pará, o segundo maior estado brasileiro em extensão territorial, onde a vastidão continental parece ser um convite à crueldade impune. Marcos Felipe Coutinho Silva, de apenas 20 anos, casado e pai de uma filha, não resistiu a uma saraivada de pelo menos dez tiros disparados por dois homens em Tailândia, no nordeste paraense.

O crime, ocorrido por volta das 21h da quinta-feira, 13, na Quadra 2 do Conjunto Alboreto, uma área periférica da cidade, é mais um episódio de uma rotina macabra que assola o estado: execuções frias, muitas vezes ligadas ao submundo do tráfico e outros ilícitos, mas que também vitimam pessoas sem qualquer conexão aparente com o crime organizado.

Segundo testemunhas, os executores chegaram em um veículo Saveiro, invadiram a casa de Marcos Felipe, arrancaram-no de seu lar à força e o levaram para a rua como quem conduz um animal ao abate. Lá fora, descarregaram as balas sem hesitação, abandonando o corpo e fugindo no mesmo carro.

Familiares ainda tentaram socorrê-lo, correndo contra o tempo até o Hospital Geral de Tailândia (HGT), mas a morte venceu a esperança antes mesmo de cruzarem as portas da unidade. O Instituto Médico Legal (IML) de Tucuruí foi acionado para as perícias, enquanto a Polícia Civil de Tailândia promete diligências para identificar os assassinos e esclarecer o que está por trás dessa barbaridade. Mas a pergunta ecoa: até quando?

O caso de Marcos Felipe se soma a outros tantos. No Pará, com seus 1,2 milhão de quilômetros quadrados — uma dimensão que rivaliza com países inteiros —, a violência se tornou tão cotidiana quanto o nascer do sol. Execuções como essa pipocam em cidades grandes e pequenas, de Belém a Tailândia, de Marabá a Altamira, muitas vezes com requintes de crueldade que chocam até os mais calejados. S

Seja por acertos de contas do tráfico, disputas territoriais ou simplesmente pelo prazer sádico de matar, os bandidos agem como senhores da vida e da morte, enquanto a população assiste, ora perplexa, ora resignada.

A banalização da vida humana no Pará é um grito que ninguém parece ouvir. Jovens como Marcos, com famílias e histórias, são reduzidos a alvos em uma guerra sem regras, onde a presença de organizações criminosas do tráfico de drogas e outros delitos só amplifica o terror. Mas nem sempre as vítimas têm laços com esse mundo sombrio — muitas vezes, são apenas nomes na mira de pistoleiros que não precisam de motivo para puxar o gatilho.

A polícia contra o impossível

A Polícia Civil diz estar investigando, mas a repressão a esses criminosos frios e cruéis esbarra nas dimensões do Pará. Controlar um estado tão vasto, com estradas precárias, áreas de floresta densa e comunidades isoladas, é como enxugar gelo com as mãos nuas.

Os executores de Marcos Felipe, por exemplo, evaporaram na noite, deixando apenas o rastro de sangue e a impotência de uma força policial que, apesar do esforço, não consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Enquanto isso, os assassinos seguem livres, prontos para o próximo alvo.

Essa dificuldade estrutural não justifica a inação, mas explica o desespero de quem vive sob a ameaça constante. Em um estado onde a distância entre cidades pode ser medida em dias de viagem, os bandidos encontram refúgio nas sombras, e a justiça, quando chega, muitas vezes é tardia.

A morte de Marcos Felipe, aos 20 anos, é mais uma prova de que o Pará está sangrando — e ninguém parece ter a fórmula para estancar a hemorragia.

Uma crítica ao silêncio

É inadmissível que essas execuções sejam tratadas como rotina. Não há manchete que dê conta do horror diário, nem estatística que traduza o vazio deixado por cada vida arrancada. A sociedade paraense — e brasileira — não pode se acostumar a ver jovens como Marcos Felipe transformados em cadáveres sem que haja um levante contra essa barbárie.

Onde estão as políticas de segurança que prometem enfrentar o crime organizado? Cadê o investimento em inteligência para desmantelar essas redes antes que o próximo tiro ecoe?

A banalização da vida no Pará é um reflexo de um país que fechou os olhos para suas periferias e deixou o tráfico e a violência ditarem as regras. Enquanto os executores de Tailândia seguem soltos, a filha de Marcos Felipe cresce sem pai, e a esposa dele chora um luto que poderia ter sido evitado.

Quantos mais precisarão morrer para que o estado pare de ser um matadouro a céu aberto? A resposta, por ora, é um silêncio ensurdecedor.

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